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São Paulo – Pesquisa divulgada pelo Banco Central na quarta-feira 27 apontou que a taxa média de juros no cheque especial em dezembro alcançou impressionantes 287% ao ano, a maior desde 1995. Uma alta de 2,1 pontos percentuais em relação a novembro e de 86 pontos na comparação com dezembro de 2014. Já o juro rotativo cobrado no cartão de crédito chegou aos 431,4% ao ano, a maior taxa média da série histórica do BC, iniciada em março de 2011. Crescimento de 16,1 pontos na comparação com novembro e de 99,8 pontos em relação a dezembro de 2014.
Os novos dados divulgados pelo BC evidenciam ainda mais uma velha realidade conhecida pelos brasileiros: margens de lucro absurdas para banqueiros e rentistas de um lado e, do outro, juros altos para o setor produtivo e trabalhadores.
Pouco risco, muitos ganhos – Segundo dados do Banco Mundial, referentes a 2014, o spread bancário brasileiro – que consiste na diferença entre o que os bancos pagam para captar dinheiro no mercado (taxa de captação) e o que cobram nos empréstimos (taxa de aplicação) – é o terceiro maior do mundo, atrás apenas de Madagascar e Malavi. No período, a inadimplência no Brasil estava em 3,1%, abaixo de diversos países que possuem spreads menores, como Peru e Colômbia. Ou seja, aqui os bancos possuem riscos menores e ganhos muito maiores.
“As margens de lucro dos bancos brasileiros, impulsionadas pela Selic nas alturas e um spread altíssimo, são absurdas. Aqui, banqueiros pouco se arriscam e ganham muito. As instituições financeiras deveriam baixar os juros, ampliando o crédito, e assim cumprir sua função social de garantir a circulação do dinheiro e o investimento produtivo”, enfatiza a secretária-geral do Sindicato, Ivone Maria da Silva.
A saída pelos bancos públicos – Para interferir em um sistema financeiro que beneficia banqueiros e rentistas em detrimento do setor produtivo e trabalhadores, o governo federal tem como alternativa exercer pressão através dos bancos públicos – Caixa, BB e BNDES – reduzindo juros e ampliando o crédito.
De acordo com a Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o governo federal deve liberar cerca de R$ 50 bilhões em linhas de crédito por meio dos bancos públicos. Um dos objetivos é impulsionar o setor da construção civil. O incremento no caixa das instituições é derivado do pagamento de dívidas do Tesouro com os bancos no valor de R$ 72,4 bilhões.
“Ampliar o crédito por meio dos bancos públicos é uma ótima alternativa para aquecer a economia, impulsionar o setor produtivo e o consumo. Além disso, com a concorrência de taxas de juros menores via bancos públicos, as instituições privadas são pressionadas a tomar o mesmo caminho”, destaca Ivone.
“A fórmula já se mostrou eficiente em 2009, quando os bancos públicos lideraram a redução das taxas de juros e do spread bancário. Porém, é fundamental ressaltar a urgência de contratações”, afirma a dirigente, lembrando que mesmo com lucro líquido de R$ 56 bilhões entre janeiro e setembro de 2015, os bancos brasileiros cortaram 9.886 postos de trabalho no ano passado. “O BB e a Caixa sofreram com cortes de postos de trabalho em 2015, motivados em grande parte por seus planos de aposentadoria. É necessário aumentar o número de trabalhadores para que as instituições possam ter aproveitado todo o seu potencial como partícipes na retomada do crescimento econômico”, conclui a secretária-geral do Sindicato.
Felipe Rousselet – 27/1/2016
Os novos dados divulgados pelo BC evidenciam ainda mais uma velha realidade conhecida pelos brasileiros: margens de lucro absurdas para banqueiros e rentistas de um lado e, do outro, juros altos para o setor produtivo e trabalhadores.
Pouco risco, muitos ganhos – Segundo dados do Banco Mundial, referentes a 2014, o spread bancário brasileiro – que consiste na diferença entre o que os bancos pagam para captar dinheiro no mercado (taxa de captação) e o que cobram nos empréstimos (taxa de aplicação) – é o terceiro maior do mundo, atrás apenas de Madagascar e Malavi. No período, a inadimplência no Brasil estava em 3,1%, abaixo de diversos países que possuem spreads menores, como Peru e Colômbia. Ou seja, aqui os bancos possuem riscos menores e ganhos muito maiores.
“As margens de lucro dos bancos brasileiros, impulsionadas pela Selic nas alturas e um spread altíssimo, são absurdas. Aqui, banqueiros pouco se arriscam e ganham muito. As instituições financeiras deveriam baixar os juros, ampliando o crédito, e assim cumprir sua função social de garantir a circulação do dinheiro e o investimento produtivo”, enfatiza a secretária-geral do Sindicato, Ivone Maria da Silva.
A saída pelos bancos públicos – Para interferir em um sistema financeiro que beneficia banqueiros e rentistas em detrimento do setor produtivo e trabalhadores, o governo federal tem como alternativa exercer pressão através dos bancos públicos – Caixa, BB e BNDES – reduzindo juros e ampliando o crédito.
De acordo com a Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o governo federal deve liberar cerca de R$ 50 bilhões em linhas de crédito por meio dos bancos públicos. Um dos objetivos é impulsionar o setor da construção civil. O incremento no caixa das instituições é derivado do pagamento de dívidas do Tesouro com os bancos no valor de R$ 72,4 bilhões.
“Ampliar o crédito por meio dos bancos públicos é uma ótima alternativa para aquecer a economia, impulsionar o setor produtivo e o consumo. Além disso, com a concorrência de taxas de juros menores via bancos públicos, as instituições privadas são pressionadas a tomar o mesmo caminho”, destaca Ivone.
“A fórmula já se mostrou eficiente em 2009, quando os bancos públicos lideraram a redução das taxas de juros e do spread bancário. Porém, é fundamental ressaltar a urgência de contratações”, afirma a dirigente, lembrando que mesmo com lucro líquido de R$ 56 bilhões entre janeiro e setembro de 2015, os bancos brasileiros cortaram 9.886 postos de trabalho no ano passado. “O BB e a Caixa sofreram com cortes de postos de trabalho em 2015, motivados em grande parte por seus planos de aposentadoria. É necessário aumentar o número de trabalhadores para que as instituições possam ter aproveitado todo o seu potencial como partícipes na retomada do crescimento econômico”, conclui a secretária-geral do Sindicato.
Felipe Rousselet – 27/1/2016