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Centrais pressionam por queda nos juros

Linha fina
Em protesto no Banco Central, horas antes da reunião do Copom, trabalhadores cobram Selic menor para a retomada do crescimento e criação de empregos
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São Paulo – Horas antes da primeira reunião do ano do Copom (Comitê de Política Monetária) – que discutirá a elevação, manutenção ou redução da taxa básica de juros no país, a Selic – as centrais sindicais realizaram ato conjunto em frente à sede do Banco Central em São Paulo. O objetivo do protesto, na terça-feira 19, foi pressionar pela redução da taxa que, de acordo com os representantes dos trabalhadores, emperra a produção, encarece o crédito e favorece apenas rentistas e banqueiros.

“A taxa de juros é um indicador muito importante da macroeconomia. Com os juros altos, diminuem os investimentos. Com juros altos, o crédito fica caro. Você não consome, não compra crédito. Não existem motivos para ter essa taxa de juro enorme, uma das mais altas do mundo. Temos de baixá-la para criar desenvolvimento, crescimento econômico, reduzir o desemprego e dar melhores condições de vida para a população”, destacou o secretário de Estudos Socioeconômicos do Sindicato, Claudio Luiz de Souza, durante o ato.

“Essa taxa elevada favorece o banqueiro, o rentista. Um empresário que possua certo capital vai olhar essa taxa nas alturas e vai preferir aplicar no mercado financeiro, em títulos públicos, do que abrir uma fábrica, uma loja. Além disso, aumentando a taxa de juros, a dívida interna cresce. Vira um círculo vicioso e a economia não sai do lugar”, acrescentou o dirigente sindical.

Atualmente, a Selic está em 14,25% ao ano. De outubro de 2014 a junho de 2015, a taxa cresceu 3,25 pontos percentuais após sete elevações consecutivas. Em setembro de 2015, o patamar da taxa básica de juros foi mantido inalterado pela primeira vez em meses.

Para Roberto Von der Osten, presidente da Contraf-CUT, um possível aumento da Selic será um “erro grave”. “A roda da economia vai parando e a desigualdade crescendo, com o orçamento do governo cada vez mais comprometido com o pagamento dos juros da dívida pública, beneficiando apenas os grandes especuladores do sistema financeiro, e prejudicando toda a sociedade brasileira”, explica.

Contraponto – O secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, enfatizou a importância do ato unificado das centrais como uma forma de se contrapor ao lobby do sistema financeiro para uma nova elevação da Selic.

“Existe uma estratégia do sistema financeiro. Sempre antes de uma reunião do Copom, que decide a taxa de juros, os representantes dos bancos tomam conta dos jornais e da televisão para dizer que a inflação está saindo do controle e que é uma irresponsabilidade não aumentar a Selic. E, muitas vezes, conseguem convencer parte da sociedade. Na verdade, toda vez que os juros sobem, é dinheiro que sai da produção, sai do consumo e vai para a mão dos bancos”, declarou.

Como a reunião do Copom dura dois dias, a decisão sobre a Selic será anunciada na noite da quarta-feira 20.


Felipe Rousselet – 19/1/2016
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