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São Paulo – O livro "O Movimento Operário no ABC Paulista contado por seus autores" é uma oportunidade de conhecer a história através de relatos de quem de fato participou da luta sindical. Com depoimentos de dezoito operários que viveram intensamente o o dia a dia da mobilização dos trabalhadores nas décadas de 1950, 60 e 70.
A obra retrata a repressão e a perseguição que sofreram. Cada um com uma linha política diferente, cada qual com sua ideologia, mas todos lutando por um Brasil melhor e mais democrático. O diferencial é que os relatos não foram escritos por historiadores e intelectuais, mas contados pelos próprios trabalhadores.
O movimento operário brasileiro surgiu no início do século XX, com anarquistas e comunistas fazendo greves e lutando por melhores condições de salário e de vida. No ABC paulista, a industrialização chegou por volta de 1950. Portanto, a luta dos operários na região começou bem antes de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se destacar como líder sindical no final da década de 1970.
Os amigos Derli José de Carvalho e Cido Faria, que organizaram o livro, são ex-metalúrgicos que fizeram parte dessa história. Cido era religioso seminarista da Igreja Católica quando decidiu entrar para o movimento sindical. "Entrei numa fábrica falsificando a minha escolaridade, para trabalhar como faxineiro. Foi na Ibrape, do grupo Phillips, em Capuava (Mauá). Foi o meu primeiro emprego como metalúrgico. A partir daí, ingressei na Ação Popular (AP), marxista-leninista, e comecei a participar da resistência à ditadura", conta Cido, em entrevista a Jô Miyagui, para o Seu Jornal, da TVT.
> Vídeo: assista à íntegra do Seu Jornal, da TVT
Derli também era religioso, mas da Igreja Metodista. Descobriu a teoria marxista e entrou para o movimento operário. Foi demitido do primeiro emprego ao participar da greve que pressionava para garantir a posse de João Goulart, em 1961, após a renúncia do presidente Jânio Quadros. "Depois fui trabalhar na Mercedes, e fui mandado embora porque encabecei uma greve na ferramentaria para conquistar o 13º salário. O meu crime, segundo a ditadura, foi pensar", diz Derli.
Cinquenta anos depois do golpe, diversas Comissões da Verdade foram instaladas, em todo o Brasil, para investigar o período da ditadura e apontar os culpados, mas tanto Derli quanto Cido lamentam que os responsáveis pela repressão, torturas, desaparecimentos e mortes ainda não foram punidos. "A Lei da Anistia foi uma lei de de perdão, de conciliação, mas não se concilia com torturador. Torturador tem que ir para a cadeia", diz Cido.
"O objetivo desse livro é trazer essa história principalmente para os jovens de hoje. O futuro do país são os jovens de hoje. É um livro perfeito para um jovem que quer entender o mundo do ponto de vista da classe operária", afirma Cido.
A primeira edição de "O Movimento Operário no ABC Paulista contado por seus autores" será distribuído gratuitamente, e foi patrocinado pela Caixa Econômica Federal e pelo Sindicato dos Bancários do ABC. A segunda edição será vendida a preço de custo. A solicitação pode ser feita através do email [email protected].
Rede Brasil Atual - 6/1/2016
A obra retrata a repressão e a perseguição que sofreram. Cada um com uma linha política diferente, cada qual com sua ideologia, mas todos lutando por um Brasil melhor e mais democrático. O diferencial é que os relatos não foram escritos por historiadores e intelectuais, mas contados pelos próprios trabalhadores.
O movimento operário brasileiro surgiu no início do século XX, com anarquistas e comunistas fazendo greves e lutando por melhores condições de salário e de vida. No ABC paulista, a industrialização chegou por volta de 1950. Portanto, a luta dos operários na região começou bem antes de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se destacar como líder sindical no final da década de 1970.
Os amigos Derli José de Carvalho e Cido Faria, que organizaram o livro, são ex-metalúrgicos que fizeram parte dessa história. Cido era religioso seminarista da Igreja Católica quando decidiu entrar para o movimento sindical. "Entrei numa fábrica falsificando a minha escolaridade, para trabalhar como faxineiro. Foi na Ibrape, do grupo Phillips, em Capuava (Mauá). Foi o meu primeiro emprego como metalúrgico. A partir daí, ingressei na Ação Popular (AP), marxista-leninista, e comecei a participar da resistência à ditadura", conta Cido, em entrevista a Jô Miyagui, para o Seu Jornal, da TVT.
> Vídeo: assista à íntegra do Seu Jornal, da TVT
Derli também era religioso, mas da Igreja Metodista. Descobriu a teoria marxista e entrou para o movimento operário. Foi demitido do primeiro emprego ao participar da greve que pressionava para garantir a posse de João Goulart, em 1961, após a renúncia do presidente Jânio Quadros. "Depois fui trabalhar na Mercedes, e fui mandado embora porque encabecei uma greve na ferramentaria para conquistar o 13º salário. O meu crime, segundo a ditadura, foi pensar", diz Derli.
Cinquenta anos depois do golpe, diversas Comissões da Verdade foram instaladas, em todo o Brasil, para investigar o período da ditadura e apontar os culpados, mas tanto Derli quanto Cido lamentam que os responsáveis pela repressão, torturas, desaparecimentos e mortes ainda não foram punidos. "A Lei da Anistia foi uma lei de de perdão, de conciliação, mas não se concilia com torturador. Torturador tem que ir para a cadeia", diz Cido.
"O objetivo desse livro é trazer essa história principalmente para os jovens de hoje. O futuro do país são os jovens de hoje. É um livro perfeito para um jovem que quer entender o mundo do ponto de vista da classe operária", afirma Cido.
A primeira edição de "O Movimento Operário no ABC Paulista contado por seus autores" será distribuído gratuitamente, e foi patrocinado pela Caixa Econômica Federal e pelo Sindicato dos Bancários do ABC. A segunda edição será vendida a preço de custo. A solicitação pode ser feita através do email [email protected].
Rede Brasil Atual - 6/1/2016