As passagens de ônibus, metrô e trens começaram 2020 mais caras, logo a partir do primeiro dia do ano. O aumento de tarifas no transporte surpreendeu muitos usuários que haviam se desconectado do noticiário nas últimas semanas e começaram a retomar a rotina na quinta 2. O aumento de R$ 4,30 para R$ 4,40 e de R$ 7,48 para R$ 7,65 nas integrações é contestado pelo Instituto de Defesa do Consumidor (Idec).
Apesar de neste início de ano eleitoral o reajuste de 2,33% estar abaixo da inflação do período (3,27%), no começo de 2019 a tarifa foi reajustada em 7,5% (de R$ 4 para R$ 4,30), porcentagem muito acima da inflação de 2018, de 3,7%. Isso significa que, em apenas 12 meses, o aumento da tarifa do transporte coletivo será de aproximadamente 10%. E dá continuidade a um processo de encarecimento do serviço público de transporte desencadeado nos últimos aos não apenas com os aumentos das tarifas básicas, como também no valor do vale-transporte e ainda com a redução nas possibilidade de integrações.
Para o Idec, a prefeitura de São Paulo e o governo do estado poderiam segurar o reajuste, que terá grande impacto para a população. O instituto também argumenta que a Prefeitura não gerencia o sistema de transporte da cidade maneira eficiente.
O aumento de tarifas proposto não é coerente nem justo, diz o instituto. “A Secretaria (Municipal de Transportes) anunciou que o custo do sistema irá reduzir em 2020, mas a redução do subsídio decorrente disso foi ainda maior, gerando um déficit que eles querem cobrir com o aumento de R$ 0,10 na tarifa”, informa o Idec pelo Twitter.
“Além disso, a prefeitura não apresenta alternativas de receitas que segundo a Lei Federal poderiam reduzir o subsídio e a tarifa, nem tem estudado os impactos que esse aumento pode gerar nos usuários levando a perda de passageiros e agravamento da crise”, ressalta o instituto.
O reajuste será o primeiro teste à disposição da população de se organizar para contestar. O Movimento Passe Livre (MPL) São Paulo convocou uma manifestação para a próxima terça-feira 7, em frente à Prefeitura, no Viaduto do Chá, às 17h. No texto do evento no Facebook, o MPL ressalta que ao longo do ano houve cortes na integração do vale-transporte, redução da frota de ônibus e o veto do prefeito Bruno Covas (PSDB) à lei que daria passagem gratuita a estudantes de cursinhos populares.
Gabriela Dantas, integrante do MPL, condena o aumento de tarifas do transporte coletivo. “É um ataque muito grave dos governantes contra a maior parte da população. Uma população trabalhadora que depende desse transporte coletivo para se deslocar, para estudar, para trabalhar, para procurar emprego”, diz ao Brasil de Fato.