A forte chuva que caiu na região central da capital paulista não impediu a realização do segundo protesto convocado pelo Movimento Passe Livre contra o aumento das passagens de ônibus, trem e metrô para R$ 4,40 desde o início do ano. O protesto começou na Praça da Sé e seguiu pelas ruas do centro, na quinta-feira 9.
Na praça da República, o grupo planejava entrar na estação de metrô, mas foi contido pela PM, que posicionou diversos agentes na entradas e em locais estratégicos das imediações e lançou bombas de efeito moral para provocar a dispersão. No primeiro ato, na terça-feira 7, a PM impediu o acesso dos manifestantes na estação Trianon-Masp, na Avenida Paulista.
Dois jovens chegaram a ser detidos por “desacato”. Representantes da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acompanharam ambos até o distrito. O advogado Cláudio Orlando, que faz parte da comissão, ressalta que a Ordem dos Advogados do Brasil vai continuar acompanhando as manifestações e considera que o uso de bombas de efeito moral foi exagerado.
“Eles reprimiram a gente, vieram pra cima, jogaram bomba de gás, colocaram em risco até crianças e idosos que estavam ali. Foi uma ação completamente desproporcional, considerando que tudo o que a gente queria era ir embora para casa e eles continuam impedindo nosso direito de ir e vir. Nossa resposta é que a gente não vai sair da rua”, disse Gabriela Dantas, militante do Movimento Passe Livre. “Acabei acompanhando uma abordagem de oito jovens. A impressão que deu foi de que os meninos já estavam indo embora e a polícia fez questão de segui-los com motos. Uma ação desnecessária.”
Mais cedo, ainda na concentração do ato, a Polícia Militar censurou uma bandeira antifascista. “Se pegar a bandeira vai pro DP”, disse um policial. A bandeira ficou no chão.
O aumento da tarifa de R$ 4,30 para R$ 4,40 é contestado também pelo Instituto de Defesa do Consumidor, que em carta protocolada na prefeitura solicita revisão do reajuste. O orçamento previsto para a Secretaria Municipal de Transportes este ano aumentou em 2%, e o valor do subsídio que o governo municipal concede às empresas terá redução de mais de R$ 600 milhões.
O movimento convocou novas manifestações para semana que vem. Há atos marcados no Grajaú, na quarta-feira 15, e no centro na quinta 16.