No apagar das luzes de 2020, os bancários das áreas-meio Cepti, Cetec e Cedes, vinculadas à Vitec, foram surpreendidos com a informação de que seriam deslocados para agências. O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e a Apcef-SP prontamente cobraram, em ofício, o fim desta reestruturação.
Os representantes dos trabalhadores, por meio da Comissão Executiva dos Empregados, também estão cobrando da direção da Caixa a realização de uma audiência com a Vitec para debater o tema.
O Sindicato iniciou, ainda, um abaixo-assinado para que empregados da Caixa e demais trabalhadores e clientes ajudem a pressionar a direção do banco público contra a reestruturação.
A petição já conta com mais de mil apoiadores, em uma mostra da mobilização e da rejeição da medida.
O diretor executivo do Sindicato e empregado da Caixa Dionísio Reis lembra que a reestruturação não se restringe a essas áreas, e alerta que o processo irá afetar as áreas de TI do banco, justamente em um momento em que as operações bancárias digitais estão aumentando no país.
“Infelizmente a falta de diálogo e o desmantelamento das empresas públicas têm sido a tônica do governo Bolsonaro. Por outro lado, a mobilização foi exemplar. São três áreas que, juntas, englobam cerca de 500 empregados, mas o nosso abaixo-assinado teve mais de mil assinaturas. Este número expressivo de apoiadores mostra mobilização e reforça o quão importantes são estas áreas e seus trabalhadores, que possuem acúmulo de conhecimento e experiência, mas estão sendo descomissionados e transferidos compulsoriamente”, afirma Dionísio.
“Se a direção acha que não tem o que falar sobre o tema e não vem debater, os empregados têm muito o que dizer”, acrescenta o dirigente.
Caixa sendo desmontada e bancários resistem
Por meio de mensagens para a direção do banco, os empregados da Caixa deram o recado, deixando claro que desde que assumiu, o governo Bolsonaro tem mantido pouco diálogo com os trabalhadores. Veja abaixo alguns dos depoimentos contra mais esta reestruturação que irá enfraquecer ainda mais o banco público diante da concorrência:
“Respeito aos funcionários e não os tratem como lixos. Parem de retroceder diminuindo a TI, enquanto outros bancos estão aumentando a área para melhor atendimento aos clientes.”
“Essa tal de reestruturação e fortalecimento da rede só está enfraquecendo a TI. Temos profissionais com mais de 30 anos de TI indo para a rede. Apesar das necessidades atuais das duas áreas, esse pessoal que sai, da forma que sai poderá ser um peso na rede, desmotivado pois após anos de dedicação a uma área foi designado a outra involuntariamente.”
“Sabemos da possibilidade de transferências, mas da forma arbitrária que está sendo só mata um pouquinho de cada. Tá na hora de mais contratações de aprovados, para encher as agências e manter a TI de pé.”
“Mudanças da forma como vêm ocorrendo só assustam os empregados, desmotivam aqueles que perderam função e foram transferidos e impõem medo naqueles que permanecem. Ou será que a intenção de mandar para a rede é uma forma de forçar o desligamento desses empregados incorporados?”
“Considero a postura da empresa uma falta de respeito total com empregados que dedicaram uma parcela significativa da vida à empresa, com muito esmero e competência.”
“Dedicaram sua formação para a área de TI, onde atuam por muitos anos, agora estão sendo transferidos, sem pedido, para agências pequenas (que muito provavelmente não gostaria de receber estes funcionários) e distantes de casa.”
“Manifesto aqui o meu repúdio a esta reestruturação na Cedes. Gostaria que os dirigentes repensassem o que estão fazendo, pois chega a ser desumano em muitos casos, além de não ser bom para a Caixa.”
“Comecem a tratar as pessoas pela sua história e competências como descrito no código de ética desta instituição. As pessoas são mais importantes do que processos, e isto, confirmasse pelo patamar que nós alcançamos com o nosso trabalho e que “sempre” mantivemos em ascensão, independente do comando, de partidos políticos e das crenças entre os que atuaram na Direção da empresa ao longo dos tempos.”
“A direção da CAIXA não está respeitando quem dá a vida, o sangue pela empresa - nossas condições de trabalho deixam muito a desejar, equipamentos ultrapassados, falta pessoas, unidade longe do centro da cidade, mesmo assim entregamos - precisamos ser tratatados com o devido reconhecimento e respeito e não com cortes de função.”
“Enfraquecer a TI é enfraquecer a Caixa. A TI é o coração da empresa e necessita de mais funcionários. Valorizar os funcionários da TI é valorizar a Caixa.”
“A CAIXA decepciona e desestimula todo seu time com as ações atualmente sendo tomadas. Colegas experientes com conhecimentos negociais e hierárquicos da empresa sendo despachados como se fossem pesos mortos deixa claro para todo o time que experiência e conhecimento não haverão de ser premiados e exaltados, mas sim removidos, aparentando ser até um castigo, visto que muitos não agregarão de forma significativa nas agências, que demandam especializações e conhecimentos totalmente alheios ao acumulado até o momento.”
“Anseio que a empresa reveja estas atitudes para que talentos não se sintam acuados e, por medo, não acabem abandonando a empresa em prol do mercado, deixando para trás apenas fábricas sedentas pelo dinheiro e poucos funcionários apenas para abertura de demandas. A TI é o futuro de qualquer empresa. As que a relegam acabarão sendo sobrepujadas pela concorrência. Até quando a CAIXA vai se apoiar em políticas públicas para gerar lucro? Uma hora esse monopólio haverá de acabar e o que restará?”
“As equipes já estão pequenas o suficiente para o trabalho que temos diariamente. Perder colegas que detêm conhecimento específico da área nesse momento é parar de atender com rapidez e qualidade que é a prerrogativa da Caixa e das comunidades que foram criadas.”
“Solicitamos respeito, pois essa mudança fere a todos os empregados, além de deixar a empresa com mais dificuldade em atingir suas metas no planejamento estratégico que propôs para 2021-2025.”
“Enquanto os bancos concorrentes estão investindo em TI, a CAIXA tira os especialistas em TI para colocar nas agências? Será que a direção da CAIXA está verdadeiramente empenhada em colocar a CAIXA entre os principais bancos digitais?”
“Na TI ficamos até altas horas para que o cliente Caixa tenha um serviço de qualidade em qualquer canal que ele acessar, cedemos o tempo que seria para família, amigos e parentes para viabilizar isso. A reestruturação da maneira que está acontecendo desequilibra e enfraquece o ambiente de trabalho, enfraquece a Caixa e desmotiva seus empregados.”
“A transferência compulsória de empregados sem uma justificativa clara e sem transparência nos critérios adotados enfraquece a Caixa, desqualifica a experiência e o histórico funcional dos empregados mais antigos e abre mão da retenção do conhecimento técnico e gerencial sobre sistemas que sustentam os negócios da empresa!”
“A comunicação abrupta sobre as transferências, feita verbalmente e sem registros formais, denota desrespeito com os empregados da TI, especialmente num momento em que a reestruturação da área busca agregar e reposicionar talentos para a absorção de novos desafios e para sustentabilidade do acervo computacional gerido nas unidades de desenvolvimento.”
“A realocação na Rede de empregados antigos da TI, que tiveram verbas salariais incorporadas, configura uma ação punitiva que irá causar aumento demasiado dos custos operacionais das unidades destino, que irá gerar desconforto e desgastes em relação a esses colaboradores “mais caros” que não poderão oferecer de imediato a reciprocidade exigida pelos novos gestores.”
“Já estamos com poucos empregados e muita demandas. Todos os bancos estão investindo na área de TI, não entendo o motivo que leva a CAIXA a disponibilizar pessoas para as agências. Todas as demandas emergenciais que recebemos para atendimento do auxílio emergencial somente foi possível o atendimento devido ao esforço da área de TI. Precisamos de mais pessoas, para atender o que a CAIXA precisa para as futuras metas. TI forte faz o banco forte!”
“Considero a postura da empresa uma falta de respeito total com empregados que dedicaram uma parcela significativa da vida à empresa, com muito esmero e competência.”
“Dedicaram sua formação para a área de TI, onde atuam por muito anos, agora estão sendo transferidos, sem pedido, para agências pequenas (que muito provavelmente não gostaria de receber estes funcionários) e distantes de casa.”
“Sabemos das evoluções tecnológicas, da necessidade de mudanças, de se adequar, mas uma coisa não mudou: a Caixa continua sendo feita por pessoas. E em um momento onde o mundo todo fala de empatia, respeito, em valorizar pessoas, temos uma administração sendo feita pelo Teams, whatsapp e rádio peão. É sério isso? Sério que temos que aceitar essa total falta de responsabilidade, de descaso? Ninguém sabe mais nada: onde está, para onde vai, quando, como, quem é sua equipe, quem é seu chefe ...? As ordens chegam e não sabemos de onde vêm. Já diz o ditado: cachorro com dois donos morre de fome, e estamos morrendo aos poucos...”