O presidente recém-empossado dos EUA, Donald Trump, participou nesta quinta-feira 23, por vídeo conferência, do Fórum Econômico Mundial, que acontece em Davos, na Suíça. Na ocasião, Trump parabenizou a presidenta mundial do Santander, Ana Botín, pelo “trabalho fantástico” à frente do banco espanhol.
Após seu discurso, que durou cerca de 45 minutos, Trump participou de um painel de perguntas e respostas com altos executivos, entre eles a presidenta do Santander.
Ana Botín iniciou a sua intervenção saudando Trump pela “vitória histórica”, destacou a atuação do Santander nos EUA, elogiou a postura anti-regulatória do novo presidente estadunidense e o questionou sobre quanto tempo levaria para implementar o novo paradigma.
Trump então elogiou o que avalia ser um “trabalho fantástico” de Botín à frente do Santander, e garantiu que vai trabalhar de forma rápida para “reverter as decisões tomadas na última década”, indicando ainda que tem como uma de suas prioridades desmantelar o “new deal verde’, termo utilizado para denominar o conjunto de políticas de descarbonização da economia.
A fala de Trump em Davos sobre o desmantelamento do “new deal verde” é coerente com medidas adotadas pelo presidente estadunidense nos primeiros dias do seu mandato como, por exemplo, a saída dos EUA do Acordo de Paris, tratado internacional sobre mudanças climáticas.
Para a presidenta do Sindicato, Neiva Ribeiro, a troca de felicitações e elogios entre Trump e Ana Botín demonstra o alinhamento de ambos com uma agenda política e econômica contrária aos interesses dos trabalhadores, aos direitos humanos, e que não possui compromisso com a sustentabilidade do planeta.
“Nós, bancários brasileiros, sabemos bem qual é esse ´trabalho fantástico` de Ana Botín, ao qual Trump se refere. Um modelo de gestão pautado em metas abusivas, assédio moral e demissões, que adoece os trabalhadores. Os elogios de Botín a postura anti-regulatória de Trump também são coerentes com a atuação do Santander no Brasil, que embarcou no desmonte promovido pela reforma trabalhista de Temer, aprofundada por Bolsonaro, para transferir áreas inteiras para empresas do seu próprio grupo, com CNPJs diferentes, retirando os trabalhadores da categoria bancária para cortar direitos e achatar a remuneração”
Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato
“A interação entre Botín e Trump em Davos deixa claro que ambos estão comprometidos com uma agenda totalmente contrária aos interesses dos trabalhadores, que se opõe aos direitos humanos, e que coloca o lucro acima até mesmo da sustentabilidade do planeta”, reforça a presidenta do Sindicato.
Na sua participação em Davos, Trump também “pediu” para que líderes empresariais produzam nos EUA caso desejem evitar sobretaxas; e afirmou que a partir de agora os EUA só reconhecem “dois gêneros, o masculino e o feminino”, acrescentando, nas palavras dele, que “nenhum homem poderá participar de competições esportivas femininas e as operações de transição de gênero, que entraram na moda, se tornarão muito raras”.
“Os trabalhadores, assim como todos que buscam uma sociedade mais justa, igualitária, com respeito aos direitos humanos e ambientalmente sustentável, precisam estar unidos e organizados para lutar contra esta agenda extrema-direita, que conta com o apoio dos homens mais ricos do mundo, que controlam o fluxo de informação e desinformação nas redes. No Brasil, temos de criar estratégias para derrotar a extrema-direita já em 2026, evitando assim que este projeto que visa a destruição total das garantias trabalhistas, ambientais e dos direitos humanos volte ao poder”, conclui a presidenta do Sindicato.