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Metalúrgicos relatam experiência de chão de fábrica

Linha fina
Integrantes do comitê de empresa da Mercedez Benz de São Bernardo do Campo participam de seminário de saúde no Sindicato
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São Paulo – Os trabalhadores da Mercedes Benz de São Bernardo do Campo, no ABC, contaram um pouco da sua experiência de organização na segunda mesa do seminário Práticas organizacionais, saúde e condições de trabalho bancário no capitalismo em crise do Sindicato. O evento, realizado nesta terça-feira 28, relança a campanha Menos Metas, Mais Saúde e lembra o Dia Internacional de Combate às LER/Dort. Compuseram a mesa os integrantes do Comitê Sindical de Empresa (CSE) Wagner Luiz de Freitas, Aroaldo Oliveira da Silva e João dos Santos Sousa.

> Saúde do trabalhador é tema do MB em Debate do dia 1º
> Vídeo: matéria especial sobre o seminário

O CSE, contou Wagner, foi uma conquista de 1984 e tomou posse em 1985. “Na época não sabíamos muito o que fazer, fomos aprendendo na prática. E nesses anos tivemos muitas conquistas.” Uma delas foi a reorganização da produção na fábrica que evitou demissões em massa anunciadas pela empresa. “Éramos 18 mil e a Mercedes queria um quadro de 5 mil funcionários. Através da reorganização produtiva que negociamos com a direção, conseguimos manter empregos e hoje somos 13 mil trabalhadores.”

Outra conquista foi o estabelecimento de reuniões semanais com a direção da fábrica, onde se discute, segundo Wagner, “desde o cafezinho até os grandes investimentos”. “Organizado pelo chão de fábrica, temos o contato do dia a dia com o trabalhador e mapeamos esse cotidiano, por intermédio também da conversa direta com esses trabalhadores”, explicou.

Para enfrentar a organização dos trabalhadores, acrescentou Aroaldo Silva, a Mercedes Benz e outras empresas têm apostado em investimentos em países como a China, índia, Indonésia, Hungria e Tailândia. “São economias onde eles conseguem explorar muito mais os trabalhadores porque eles não estão organizados. Mas temos exemplos disso aqui no Brasil. Os funcionários da fábrica de Juiz de Fora (MG) da Mercedes ganham um quarto do que ganhamos em São Bernardo.”

Mas a realidade na fábrica de São Bernardo é diferente: “Os trabalhadores discutem a melhor forma de trabalhar, sempre levando em conta o tripé produção, ritmo de trabalho e número de trabalhadores. E isso foi discutido quando teve o boom do setor automobilístico, em 2003, quando a empresa tentou aumentar a produção sobrecarregando os trabalhadores. Mas eles tiveram que contratar e o quadro aumentou com 6 mil novas vagas.”

Segundo Aroaldo, a fábrica permite que o sindicalista observe de perto as condições de trabalho. “O sindicalista chega antes do trabalhador e vai a cada setor da fábrica para avaliar a produção, o ritmo e o número de trabalhadores. E se há algo errado nesse tripé, nós conversamos com a direção”,  conta.

João dos Santos Sousa ressaltou que a organização conquistada pelos operários da Mercedes em São Bernardo impõe restrições aos empresários. “Entrei na Mercedes em 1987 e participei de toda a discussão sobre a mudança do processo produtivo, que evitou demissões. Uma conquista dos trabalhadores organizados e unidos.”

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Andréa Ponte Souza - 28/2/2012

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