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Bancário precisa de clone para atingir metas do Agir

Linha fina
Regras do programa de remuneração variável do Itaú mudam e se distanciam cada vez mais da rotina dos funcionários do banco, que estão sem tempo até para almoçar
Imagem Destaque

São Paulo – O pesadelo continua para os funcionários do Itaú que precisam cumprir metas do Agir, programa de remuneração variável do banco. Os transtornos causados com as mudanças para gerentes do segmento Emp, já denunciadas pelo Sindicato, não cessaram.

Diante de tantas cobranças de metas, a falta de funcionários nas agências fica ainda mais evidente. Na segunda-feira 10 três agências foram fechadas pelo Sindicato na zona norte para que os funcionários pudessem sair para almoçar.

“A mais nova pérola do banco é orientar o gerente operacional a manter foco no autoatendimento para vender produtos. Como esse profissional fará isso com o seu trabalho dentro da agência, de monitoramento dos caixas, por exemplo? Só se ele tiver um clone”, questiona diretora do Sindicato Márcia Basqueira. O Sindicato cobra do banco contratação de mais funcionários para que de fato as mudanças funcionem. “Do jeito que foi imposta, essa alteração só serve para causar estresse e adoecimento”, destaca Márcia.

A alternativa do gerente que vende no autoatendimento é pedir que um dos caixas o substitua. No entanto, o caixa é avaliado pelo programa Trilhas, e enquanto estiver nos caixas eletrônicos não terá sua produção identificada no sistema. “Ou seja, o caixa que for para o autoatendimento será penalizado na avaliação”, explica a dirigente sindical.

Novas carteiras, novos transtornos – Outro problema que continua tirando sono dos bancários do Itaú é que com o fim da Emp 2 e a distribuição dos gerentes para outras Emps, muitos trabalhadores tiveram consequências também na renda variável.

Os gerentes do segmento Emp seguiam metas estabelecidas em valores. Por exemplo, tinham de vender R$ 8 mil em seguros por mês. Agora, a regra mudou e deve ser cumprida em números de produtos vendidos. Por exemplo, no início de janeiro o banco informou que a meta era vender 10 seguros, mas no dia 14 comunicou que havia errado e que a meta do mês era na verdade 200 seguros. A situação já foi denunciada pelo Sindicato.

Os gerentes atendiam segmentos por setores, como a área têxtil, área de bebidas, área financeira etc. Agora, eles atendem por região. “Quem está na região central ficou apenas com comerciantes, advogados, um público importante para o banco, mas impossível para o bancário cumprir sua meta, imposta pelo Itaú em total discordância com o perfil desses clientes”, explica Márcia.

Durante o protesto no Ceic, que repudiou a campanha Tropa de Elite 2 feita por um gestor do Itaú, um bancário da divisão Agir ressaltou a importância de uma reestruturação de todas as metas em agências, para “analisar o perfil de cada região e dos clientes”. Segundo ele, “muita gente fica doente por não alcançar as metas”. “Queremos um processo mais justo, transparente e mais contratações para que os planos impostos pelo banco sejam cumpridos sem adoecer o trabalhador”, conclui Márcia Basqueira.


Gisele Coutinho – 12/2/2014
 

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