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Itaú Patriarca: colegas demitidos, braços cruzados

Linha fina
Funcionários do centro administrativo protestam contra demissões na Área de Cartões de Crédito
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São Paulo – Cerca de 1.900 trabalhadores bancários paralisaram suas atividades na manhã da quinta 20 para mostrar a revolta contra a série de demissões que o Itaú fez, desde o final de janeiro, na Área de Cartões de Crédito (ACC). Desligamentos ocorreram no Centro Administrativo (CA) Patriarca, no ITM da Vila Leopoldina e também em Poá, região metropolitana de São Paulo. Só na Patriarca, 17 foram dispensados entre 10 e 14 de fevereiro.

> Fotos: galeria do protesto

Os bancários apoiaram a presença do Sindicato na porta da instituição e expressaram apreensão.

“Concordo com o Sindicato, porque a gente fica preocupado, mesmo que as demissões não tenham sido da nossa área. Lá dentro, a gente sozinho não pode falar nada”, afirma bancária de 26 anos, que trabalha no Itaú há sete.

Outras duas funcionárias afirmaram conhecer colegas que foram mandados embora. De acordo com uma delas, “parece que as pessoas foram escolhidas aleatoriamente”.

“Cada um tinha uma performance diferente, foi muito sem lógica”, diz.

Outra, que entrou para o Itaú depois de passar pela Credicard Orbital, contou que o gestor justificou as demissões como necessidade de “reduzir custo”.

Realocação – Segundo a dirigente sindical Valeska Pincovai, trata-se de reestruturação de área e eliminação de postos de trabalho.

“Em novembro de 2013, também houve uma leva de demissões na ACC. Desde então, estamos cobrando um quadro de realocação de funcionários, para que sejam aproveitados em outros setores, para parar as demissões”, afirma. “Mas, o Itaú não só não passou o quadro, como demitiu quase 20 no CA-Patriarca, de uma vez só”, critica Valeska.

De acordo com o dirigente sindical Júlio César Silva Santos, quando houve a fusão do Itaú com o Unibanco, em 2008, o Sindicato reivindicou uma “central de realocação” para que postos de trabalho não fossem fechados. “Hoje o Sindicato paralisa o banco para reivindicar o mesmo: pelo aproveitamento de todos os trabalhadores, pelo fim das demissões!”, protesta.

Outras reivindicações do ato são melhores condições de trabalho e equiparação salarial de funcionários que executam as mesmas atividades.

Prática antissindical – Na paralisação, o Itaú deslocou funcionários que estavam no protesto para trabalhar em unidades na Lapa e na Boa Vista, de acordo com informações dos empregados.

“O banco prefere demitir a realocar funcionários. Mas, para mandar trabalhadores para outras unidades num dia como esse, numa prática antissindical, o banco se aproveita.”

A paralisação durou até o meio-dia, quando os funcionários entraram no prédio.

Próximos passos – Reunião com a área de relações sindicais será realizada na sexta 21, quando representantes do Sindicato cobrarão que o banco atenda às reivindicações dos trabalhadores.

Enquanto teve lucro anual de R$ 15,8 bilhões em 2013, crescimento de 12,8% comparado com 2012, o Itaú extinguiu 2.734 postos de trabalho em 12 meses.

“Quem fica no banco sofre enorme pressão por metas absurdas. Isso tem de mudar”, afirma Júlio César.


Mariana de Castro Alves – 20/2/2014

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