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O que os brasileiros podem esperar da economia?

Linha fina
Brasil tem a menor taxa de desemprego desde 2003, rendimento médio dos trabalhadores subiu quase 30% no período e dívida pública despencou
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São Paulo - Brasil tem a menor taxa de desemprego desde a série iniciada em 2003 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice de 5,4% em 2013 vale para seis regiões metropolitanas (Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo). Na comparação com 2003, quando a taxa foi estimada em 12,4%, a redução no número de desempregados no país foi de 7 pontos percentuais. Considerados somente os empregos formais, foram criados mais,de 20 milhões de postos de trabalho.

O rendimento médio real dos trabalhadores também subiu. Foi estimado em R$ 1.929,03, crescimento de 1,8%. Também na comparação com 2003, o poder de compra aumentou 29,6%.

A dívida pública (líquida), que era de 60,4% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional em 2002, chegou à casa dos 35% em 2013, possibilitando a liberação de mais recursos do governo federal para investimentos na infraestrutura nacional.

Afinal, números como esses apontam que a economia brasileira vai bem? Ou as previsões alarmistas divulgadas pela maioria dos noticiários econômicos é que estão certas? Em ano de eleição – em outubro de 2014 o país volta às urnas para eleger presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais – fica cada vez mais difícil avaliar essas informações.

Para Antonio Correa de Lacerda, professor doutor de Economia Política da PUC-SP, há exagero no pessimismo que só se explica por ser um ano eleitoral. “Existe uma realidade de baixo crescimento no país, 2% ao ano é pouco. Mas, por outro lado, há a consolidação de um processo distributivo da renda, fruto das políticas sociais do governo.”

A elevação da renda dos trabalhadores e a taxa de baixo desemprego indicam um cenário positivo para 2014 também na avalição do professor de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro João Sicsú. “É a continuação de uma política que vem se repetindo ano a ano.” E o mesmo se dá para a inflação. “Temos uma inflação sob controle e moderada. São dez anos consecutivos (de 2004 a 2013) dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional e isso deve se repetir para 2014.”

Potencial – Outros dados apontam que o Brasil tem potencial para crescer. A inclusão de mais de 25 milhões de pessoas que saíram da situação de pobreza (entre 2002 e 2012) fez aumentar a demanda por uma série de serviços. Só o tráfego aéreo nacional cresceu 182,5%: em 2002 eram transportados 35,9 milhões de passageiros que chegaram a 101,4 milhões em 2012. O tráfego nas rodovias também aumentou, de 56,5 milhões de veículos em 2002 para 105,5 milhões dez anos depois – 86,6% a mais.

“Para fazer frente a todas essas novas necessidades criadas pela geração de empregos e pela inclusão social é preciso construir aeroportos, portos, estradas – como já vem acontecendo – que vão gerar outros milhares de postos de trabalho”, opina a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira. “Ou seja, o Brasil ainda tem uma grande trajetória de crescimento pela frente. Mas o governo precisa adotar algumas medidas, como voltar a reduzir juros de forma a estabelecer condições para que aumentem os investimentos em infraestrutura e em saúde educação. E também fazer a reforma tributária, taxando as grandes fortunas, os dividendos, para aumentar o volume de recursos para esses setores.”

De acordo com Sicsú, “o Brasil precisa entender que inflação não se combate só com taxa de juro”. “É um instrumento importante, mas está excessivo. O país tem de destravar gargalos para que o investimento público ganhe mais importância.” O economista cobra uma política fiscal (gastos do governo e tributação) mais ousada. “Tem de olhar para as necessidades da sociedade, como as melhorias no transporte público necessárias às grandes metrópoles”, afirma, destacando que o aumento dos investimentos públicos amplia a confiança elevando também os investimentos privados.

O professor Antonio Lacerda concorda. “Assim vamos ganhar mais competitividade para a economia ter um crescimento sustentável.”


Cláudia Motta - 4/1/2014

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