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São Paulo – O economista João Pedro Stédile, integrante da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), não deixou dúvidas sobre o papel do movimento sindical e dos trabalhadores na crise atual: estar nas ruas para defender direitos. Em reunião com os dirigentes sindicais bancários, na segunda-feira 9, comentou a atual situação política e econômica do país. “A mola mestra do desenvolvimento, a indústria, está praticamente parada. Todo o lucro é reinvestido no rentismo e não na produção”, destacou, ao lembrar as altas taxas de juros. “Juro de 48% em média é espoliação econômica que leva toda riqueza para os bancos.”
Do ponto de vista social, lembrou a lógica de que apesar das melhorias promovidas nos últimos anos, da porta para fora, ainda há muito por fazer. “O Prouni foi importante, ótimo que em dez anos, aumentou de 5% para 15% a presença da população jovem com acesso ao ensino superior. Mas e os outros 85%? Nossa universalização do ensino superior já bateu no teto, enquanto a Bolívia cria vagas para 67% dos jovens. A Coreia do Sul, para mais de 90%. Que país em guerra perde 40 mil jovens assassinados por ano, como nós? Precisa de dinheiro para a educação”, disse, criticando as recentes medidas que visam aumentar a economia do governo para pagar juros da dívida pública.
No campo político, Stédile recriminou o financiamento privado das campanhas eleitorais. “A democracia representativa foi sequestrada pelo capital. As dez maiores empresas elegeram 70% dos parlamentares. E a degeneração desse parlamento pode tornar ainda mais difícil a democratização, a participação das massas.”
Todo esse quadro, para o dirigente dos sem-terra, é reforçado pelos meios de comunicação: um time organizado para fazer com que os movimentos populares irem desgostando cada vez mais do governo Dilma, que, apesar disso, não acredita num impeachment. “Para eles [a direita], interessa mais ir sangrando o governo do que o impeachment, para vir com Alckmin [Geraldo Alckmin, governador de São Paulo] em 2018 pelo voto popular.”
A solução, para Stédile, é o governo Dilma dar uma guinada à esquerda e, diante de um “Congresso Nacional ruim”, fazer o debate público com a sociedade e jogar peso em reformas estruturais como a política, a tributária e a democratização da mídia, compondo forças com os movimentos sociais, com os partidos progressistas.
Os movimentos sociais, ressalta, têm de fazer sua parte, o que para ele, já está começando, apesar de não haver ainda um nível de unidade que leve à reação organizada imediata dos trabalhadores. “As centrais sindicais se posicionam contra os ajustes e há uma movimentação social se afunilando em defesa de uma reforma política séria, que mexa com o financiamento de campanhas. Só uma Constituinte exclusiva pode mexer pra valer com as regras do jogo.”
E finaliza: “Temos de estar nas ruas, com a pauta da classe trabalhadora. O caminho está nas pautas comuns – além da reforma política, a defesa da Petrobras, da Caixa. Defender o projeto dos trabalhadores é que vai unir a esquerda.”
Do ponto de vista social, lembrou a lógica de que apesar das melhorias promovidas nos últimos anos, da porta para fora, ainda há muito por fazer. “O Prouni foi importante, ótimo que em dez anos, aumentou de 5% para 15% a presença da população jovem com acesso ao ensino superior. Mas e os outros 85%? Nossa universalização do ensino superior já bateu no teto, enquanto a Bolívia cria vagas para 67% dos jovens. A Coreia do Sul, para mais de 90%. Que país em guerra perde 40 mil jovens assassinados por ano, como nós? Precisa de dinheiro para a educação”, disse, criticando as recentes medidas que visam aumentar a economia do governo para pagar juros da dívida pública.
No campo político, Stédile recriminou o financiamento privado das campanhas eleitorais. “A democracia representativa foi sequestrada pelo capital. As dez maiores empresas elegeram 70% dos parlamentares. E a degeneração desse parlamento pode tornar ainda mais difícil a democratização, a participação das massas.”
Todo esse quadro, para o dirigente dos sem-terra, é reforçado pelos meios de comunicação: um time organizado para fazer com que os movimentos populares irem desgostando cada vez mais do governo Dilma, que, apesar disso, não acredita num impeachment. “Para eles [a direita], interessa mais ir sangrando o governo do que o impeachment, para vir com Alckmin [Geraldo Alckmin, governador de São Paulo] em 2018 pelo voto popular.”
A solução, para Stédile, é o governo Dilma dar uma guinada à esquerda e, diante de um “Congresso Nacional ruim”, fazer o debate público com a sociedade e jogar peso em reformas estruturais como a política, a tributária e a democratização da mídia, compondo forças com os movimentos sociais, com os partidos progressistas.
Os movimentos sociais, ressalta, têm de fazer sua parte, o que para ele, já está começando, apesar de não haver ainda um nível de unidade que leve à reação organizada imediata dos trabalhadores. “As centrais sindicais se posicionam contra os ajustes e há uma movimentação social se afunilando em defesa de uma reforma política séria, que mexa com o financiamento de campanhas. Só uma Constituinte exclusiva pode mexer pra valer com as regras do jogo.”
E finaliza: “Temos de estar nas ruas, com a pauta da classe trabalhadora. O caminho está nas pautas comuns – além da reforma política, a defesa da Petrobras, da Caixa. Defender o projeto dos trabalhadores é que vai unir a esquerda.”
Cláudia Motta - 10/2/2015