São Paulo - No estado paulista, queda na geração do emprego e na renda média, enquanto há registro de crescimento em outros estado do país. Nacionalmente, sob ameaça de desequilíbrio nas contas da União, o governo federal adota medidas que retiram direitos históricos dos trabalhadores em vez de taxar as grandes fortunas e reajustar a tabela do Imposto de Renda para quem tem ganhos maiores.
A avaliação desse cenário foi foco das discussões na análise de conjuntura econômica estadual e nacional que abriu os debates na direção cutista, reunida na manhã da quinta 5, no Instituto Cajamar, para o planejamento da entidade em 2015.
Fazendo uma análise de dados sobre a geração de emprego e renda no Brasil de 2008 a 2013, o economista Airton dos Santos, coordenador de Atendimento Técnico e Sindical do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), explicou que, comparado ao forte índice de crescimento em várias regiões brasileiras, o estado paulista está na vanguarda do atraso - enquanto a média nacional indica aumento de 24,1% na geração de empregos formais no período, em São Paulo o índice cai para 19,7%.
Outro dado preocupante é a queda de participação de São Paulo no PIB nacional (Produto Interno Bruto), que reduziu de 34,6%, em 2002, para 32,1%, em 2012. Na raiz da questão, segundo o economista, está o processo de desindustrialização e, especialmente, a falta de programas e propostas do governo estadual (PSDB) para incentivar a criação de novas vagas no mercado de trabalho na federação que já foi a locomotiva do Brasil.
"O estado de São Paulo é o mais industrializado e o que tem mais problemas econômicos por omissão do governo estadual de Geraldo Alckmin, pois não vemos um movimento claro do Executivo paulista para reverter esse quadro", afirma. Para Airton, a geração de mais empregos requer que o governo estadual dê mais condições para que a indústria se desenvolva e, ainda, investimentos maiores em ciência e tecnologia.
Injustiça tributária - Na análise nacional, Airton enfatizou que as medidas de austeridade tomadas no início do ano pelo governo federal não só estão na contramão das conquistas e avanços dos últimos 12 anos, como promoverão um desaquecimento econômico.
"Começamos a ajustar mexendo novamente na base da pirâmide, tirando dos pobres, como se faz no Brasil desde o tempo das capitanias hereditárias. O país não está quebrado, não estamos em terra arrasada, e se poderia fazer esse tipo de ajuste num longo prazo", criticou.
Para o economista, o cenário exige aumento na geração de emprego e nos programas sociais; maior investimento interno, atualmente muito baixo perto do potencial brasileiro; redução da taxa de juros, a mais alto do mundo e que banca o lucro dos investidores internacionais às custas do tesouro nacional sustentado pela população.
"O remédio, em vez de curar a anemia e nos dar força, agrava o problema porque a qualidade de vida da população vai piorar com a diminuição da renda e, assim, o consumo cairá também, piorando a economia", alertou.
Flaviana Serafim, da CUT São Paulo - 6/2/2015
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Economista do Dieese explica que enquanto média nacional indica aumento de 24,1% na geração, no estado o índice cai para 19,7%
economista do Dieese criticou omissão do governo estadual no incentivo à abertura de novas vagas no estado
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