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Chapéu
Juventude Prejudicada

Crise econômica aumenta desemprego entre jovens

Linha fina
Dados do IBGE revelam que, dos 5,029 milhões de pessoas que há mais de um ano procuram emprego, 54,1% estão na faixa dos 14 aos 29 anos de idade
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Foto: Henrique Chendes/Fotos Públicas

São Paulo – A queda no crescimento da economia, o aumento da informalidade e a falta de investimentos públicos aumentaram o desemprego na gestão do presidente ilegítimo Michel Temer (MDB-SP). E os jovens, que historicamente sofrem para ingressar no mercado de trabalho, são os mais prejudicados nesta longa recessão que se arrasta há três anos no Brasil.

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O pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) Fernando de Holanda Barbosa Filho, em entrevista ao jornal Valor Econômico, lembra que das 5,029 milhões de pessoas que procuram emprego há mais de um ano, segundo a Pnad Contínua do IBGE, 54,1% estão na faixa de 14 a 29 anos de idade. O levantamento mostra ainda que o chamado desemprego de longa duração aumentou 130% no quarto trimestre de 2017 se comparado com o mesmo período de 2014.

Para a secretária de Juventude da CUT, Edjane Rodrigues, esse resultado é trágico para a classe trabalhadora, em especial para os jovens, que geralmente entram no mercado de trabalho nos cargos mais precários, pela alegada falta de experiência, e só saem da situação de fragilidade se tiverem oportunidade, estudo e, sobretudo, se o país não enfrentar uma crise econômica grave.

“A discussão sobre a falta de oportunidade para juventude é histórica, porém esse cenário se agravou desde que o golpista Temer assumiu e acabou com as políticas de geração de emprego decente”, criticou.

Para reverter essa situação, o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lucio, diz que só há uma alternativa: o Brasil voltar a crescer economicamente. “O que gera emprego é crescimento econômico”, enfatiza.

Ele destaca que os jovens, no geral, fazem parte da força de trabalho mais precarizada e mais fácil de ser substituída pelo mercado. E em um cenário de crise, tendem a ter mais dificuldade.

O problema se agrava, segundo o diretor técnico do Dieese, porque as chamadas portas de entrada dos jovens no mercado de trabalho – funções que exigem menos experiência e qualificação – são ocupadas por adultos com Ensino Superior completo que, depois de muito tempo desempregados, aceitam trabalhar em funções que remuneram menos.

“As pessoas com experiência e com ensino superior acabam aceitando o salário de quem tem Ensino Médio, pois é o que aparece, e isso impacta nos empregos que geralmente são ocupados por jovens”, explica Clemente.

Já o economista do Dieese César Andaco atenta para outro movimento que ocorre no mercado de trabalho em tempos de crise e que também atinge de maneira especial os mais jovens, que é o aumento dos chamados "conta própria".

“O trabalhador por conta própria é aquele que trabalha em condições precarizadas, ganha menos e não tem nenhuma garantia. Essa população geralmente aumenta em momentos de crise econômica”, explica.

É o caso do jovem Leandro de Oliveira, de 20 anos, desempregado desde outubro do ano passado. Após trabalhar quatro anos como office-boy, tenta há meses uma recolocação no mercado, mas praticamente desistiu diante das dificuldades.

Morador do bairro Jardim São Roque, no Campo Limpo, zona sul de São Paulo, Leandro precisa substituir logo a renda que perdeu e por isso decidiu trabalhar por conta própria como cabeleireiro.

“Já procurei em várias outras áreas, mas a maioria pede experiência e ainda não tenho. Então decidi investir em um curso de cabeleireiro e tentar abrir meu próprio salão”, diz.

O número de trabalhadores por conta própria aumentou 4,8% em 2017, segundo o IBGE. O rendimento médio foi de R$ 1.567 – pouco superior ao dos empregados sem carteira assinada, mas 25% menor do que o dos trabalhadores formais.

Falta política pública Para enfrentar o problema da inclusão de jovens no mercado de trabalho, segundo a secretária de Juventude da CUT, é preciso ampliar políticas públicas que façam o jovem permanecer mais tempo na escola, buscando melhor qualificação para o ingresso no mercado de trabalho.

“Se tiver uma política de qualificação profissional para a juventude, as empresas naturalmente irão atrás dos jovens. É preciso crescimento econômico com políticas de inclusão para reverter esse cenário”.

O problema, segundo ela, é que o ilegítimo Temer está na contramão. “Os cortes em programas educacionais, como Fies, ProUni, Pronatec e Ciências Sem Fronteiras são claros exemplos disso”.

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