São Paulo - O Brasil tem 4,3 milhões de desalentados (pessoas que desistiram de procurar emprego), segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE, divulgada na sexta-feira 23. Quase 60% deles se concentram na região Nordeste, com destaque para Bahia (663 mil) e Maranhão (410 mil). Os dados são referentes ao quarto trimestre de 2017.
Segundo o IBGE, esse é o maior contingente de desalentados já registrado desde 2012, quando começou a série histórica feita pelo Instituto. No primeiro trimestre de 2012, esse número correspondia a 1,9 milhão de pessoas.
O desalento é um componente do mercado de trabalho medido também na Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), divulgada desde 1985 pela Fundação Seade e pelo Dieese na região metropolitana de São Paulo. Em dezembro, por exemplo, a taxa de desemprego total foi de 16,9%, sendo 3,2% do chamado desemprego oculto – por trabalho precário ou desalento.
Na Pnad Contínua, o IBGE estimou a taxa de desalento em 3,9%, chegando a 15,4% em Alagoas. De acordo com a pesquisa, a taxa média de desemprego no Brasil foi de 11,8%, o que corresponde a 12,311 milhões de desempregados, índice praticamente estável em relação ao quarto trimestre de 2016.
Aumento da informalidade - A ocupação no ano passado cresceu em 1,8 milhão de vagas, todas na informalidade: 1,070 mil são trabalhadores por conta própria e 598 mil, empregados sem carteira, segundo a Pnad Contínua. O país perdeu 685 mil vagas formais em um ano. Só não houve queda na região Norte.
A taxa de desemprego varia de 7,7% (região Sul) a 13,8% (Nordeste), chegando a 9,4% no Centro-Oeste, 11,3% no Norte e 12,6% no Sudeste. Entre as unidades da federação, destaque para Amapá (18,8%), Pernambuco (16,8%), Alagoas (15,5%), Rio de Janeiro (15,1%) e Bahia (15%). A menor foi registrada em Santa Catarina (6,3%), enquanto Mato Grosso e Mato Grosso do Sul tiveram 7,3% cada.
Mulheres e negros mais afetados - Com média de 11,8%, o desemprego é maior para mulheres (13,4%) do que para homens (10,5%). Para os que se declararam brancos, a taxa também foi menor (9,5%), subindo para pretos (14,5%) e pardos (13,6%), conforme a classificação do IBGE. No período de 2012 a 2017, cresceu a presença de pardos e negros (classificação do IBGE) entre os desempregados: de 62% para 64%, enquanto a dos brancos caiu de 37,5% para 35,6%.
No 4º trimestre de 2017, o percentual de mulheres em idade de trabalhar era de 52,4% em todo o país, mas apenas 45,4% estavam entre a população ocupada e 50,7% entre a desocupada.
Jornada de Luta - O movimento sindical está na luta ao lado dos trabalhadores e alerta sobre a importância da união e mobilização na defesa dos direitos conquistados. “Todos esses dados preocupantes são reflexo da crise econômica, da instabilidade política e dos retrocessos que enfrentamos no Brasil. Vivemos um período de ataques aos direitos trabalhistas, desmonte das empresas públicas, aumento do desemprego e diminuição do investimento público e da atividade econômica. Isso tudo se reflete na redução dos postos de trabalho, do consumo e da renda, criando um clima de desânimo para quem busca uma ocupação. Quando diminuem os postos de trabalho, as mulheres e os negros são os mais prejudicados”, ressalta Neiva Ribeiro, secretária-geral do Sindicato.
Em resistência às ofensivas contra direitos duramente conquistados, bancárias participam da Jornada de Luta das Mulheres em Defesa da Democracia e dos Direitos. O calendário, organizado pela CUT-SP e entidades parceiras, prevê atividades até o dia 1º de maio.
Precarização do trabalho - Já a chamada subutilização da força de trabalho – que inclui desempregados, subocupados por insuficiências de horas (quem trabalhou menos que 40 horas semanais) e trabalhadores em potencial (quem estava disponível para trabalhar, tendo procurado ou não) – atinge 26,4 milhões de pessoas (12,3 milhões estavam desempregados e 6,5 milhões subocupados), com taxa de 23,6%.
As maiores taxas se concentram no Nordeste: Piauí (40,7%), Bahia (37,7%), Alagoas (36,5%) e Maranhão (35,8%). As menores são de Santa Catarina (10,7%), Mato Grosso (14,3%), Rio Grande do Sul (15,5%) e Rondônia (15,8%).