O lucro líquido recorrente do Itaú chegou a R$ 25,733 bilhões em 2018. O valor corresponde a um crescimento de 3,4% em relação a 2017. Com isso, a rentabilidade do banco chegou a 21,9%.
Dentre os itens que mais contribuíram para esta elevação está a queda nas despesas de provisão para devedores duvidosos (PDD) – uma reserva de valores feita pela empresa para cobrir possíveis inadimplências. No caso do Itaú, houve uma redução de 23% no montante em relação a 2017, chegando a R$ 14,5 bilhões. As taxas de inadimplência também caíram, passando de 3,1% em dezembro de 2017 para 2,9% em 2018.
Alta nas tarifas
Além da redução na PDD, o balanço do banco também apresenta destaque para as receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias. Estas apresentaram alta de 7,3% em relação ao ano anterior, chegando a R$ 38,4 bilhões em 2018. Somente com este valor, o Itaú consegue cobrir 160% do total de suas despesas de pessoal, incluindo o pagamento da PLR. Ou seja: o banco paga toda a despesa e ainda sobram R$ 14,5 bilhões.
Para Marta Soares, secretária de Imprensa e Comunicação do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, o banco deveria investir mais em seus funcionários, uma vez que está provado que a empresa tem condições de garantir salários e empregos.
“O valor que o banco arrecada só com tarifas e prestações de serviço, por si só, já ultrapassa em muito o montante destinado à folha de pagamento. Isso reforça que não há necessidade de demissões e fechamento de agências. É fundamental darmos um ponto final nesse clima de insegurança, nas metas abusivas e o consequente adoecimento dos trabalhadores”, defendeu.
Em 12 meses, o Itaú fechou 61 agências físicas e abriu 35 agências digitais. Apesar do aumento de postos de trabalho num total de 1.264 novos postos em relação a dezembro de 2017, em relação a setembro de 2018 verificou-se o fechamento de 269 postos de trabalho.
Crédito e câmbio
O balanço do Itaú também traz aumento de 6,1% na carteira de crédito do Itaú, chegando a R$ 636,9 bilhões em 2018. O crédito a pessoa física cresceu 10,3% com destaques para cartão de crédito (15,7%); veículos (12,9%) e crédito pessoal (10,9%). O crédito para micro, pequenas e médias empresas teve alta de 14,4%, mas para grandes empresas caiu 4,7% no período.
Já as receitas com operações de câmbio do Itaú tiveram forte elevação devido à valorização do dólar frente ao real. Houve um aumento de mais de 470%, passando de R$ 644 milhões em 2017 para R$ 3,7 bilhões em 2018. Por outro lado, esse movimento da taxa de câmbio teve efeito negativo nas despesas de empréstimos e repasses que passaram de R$ 5,3 bilhões para R$ 10,4 bilhões.
“Não há crise para o banqueiro, que, mesmo em um cenário adverso, consegue sair ganhando. Queremos ver este resultado refletido em valorização dos trabalhadores, que muitas vezes adoecem para manter as operações do banco funcionando”, completou Marta Soares.