A Caixa anunciou que obteve lucro líquido contábil de R$ 21,1 bilhões em 2019, crescimento de 103,3% em relação ao ano anterior.
De acordo com o balanço divulgado pelo banco, a "evolução na margem financeira (13,5%) e redução nas despesas de provisão para créditos liquidação duvidosa (27,9%) foram os principais influenciadores" para o crescimento do lucro em 2019. Entretanto, o resultado também foi fortemente impulsionado por mais de R$ 15,5 bilhões em vendas de ativos.
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Por outro lado, a participação da Caixa no mercado de crédito vem caindo. O market share, que em 2017 era de 22,37%, caiu para 19,74% em 2019, enquanto o Bradesco cresceu sua carteira de crédito em 11,4% e o Santander em 15,3%.
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“Enquanto vende ativos e leiloa a Lotex, o que reforça o processo de desmonte e enfraquecimento do papel social do banco, que denunciamos todos os dias, a carteira de crédito ampla recuou 0,11% em 2019, impactada principalmente pela queda de 30,2% na Carteira Comercial Pessoa Jurídica e recuo de 0,3% na carteira de infraestrutura. É claro que o banco está sendo privatizado aos pedaços e sua função social está sendo atacada. É importante que os empregados se mobilizem e estejam preparados para fazer o debate sobre a importância da Caixa 100% Pública com a sociedade”, enfatiza o diretor do Sindicato e coordenador da CEE/Caixa, Dionísio Reis.
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Devolução ao tesouro
A Caixa informou no seu balanço que no ano passado pagou ao Tesouro Nacional R$ 11,4 bilhões em IHCDs (Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida).
“Não existe dívida da Caixa. Os IHCD é um instrumento para capitalizar a Caixa, que inclusive tem a execução de programas sociais como contrapartida. Assumir que a Caixa deve um total de R$ 40 bilhões ao Tesouro em IHCDs é forçar o banco a pagar duas vezes ao governo. Essa devolução descabida é mais uma forma de enfraquecer o importante papel social da Caixa enquanto banco público. É dilapidar o patrimônio público. A Caixa é do povo brasileiro, não do governo”, critica Dionísio.
Menos bancários para a Caixa, menos Caixa para o Brasil
O banco encerrou 2019 com 84.006 empregados, com fechamento de 886 postos de trabalho. Apenas com o que arrecada com prestação de serviços e tarifas bancárias, receita que cresceu 0,57% e alcançou R$ 27 bilhões, a Caixa cobre em 113,2% o total das despesas com pessoal.
“Os ataques aos empregados da Caixa são evidentes. Diminuição do quadro de trabalhadores acarreta em sobrecarga de trabalho e adoecimento. O Sindicato cobra a contratação de todos aprovados no concurso de 2014. O banco tem todas as condições de contratar. Nossa posição é que mais empregados para Caixa é mais Caixa para o Brasil. É bom lembrar que os trabalhadores também enfrentam hoje um processo arbitrário de reestruturação, que impõe transferências compulsórias, ameaça funções e enfraquece o papel social do banco. Mais do que nunca a defesa da Caixa 100% Pública e dos direitos dos empregados são lutas urgentes e indissociáveis”, conclui Dionísio.