Octavio de Lazari, presidente do Bradesco, afirmou que o banco pode demitir metade o departamento de auditoria, que conta hoje com 372 pessoas, caso a reforma tributária seja aprovada.
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“O Bradesco tem 372 funcionários no departamento de auditoria só para cuidar de impostos. Se for simplificado, poderia ter metade. Diminuir o número de impostos tiraria um custo importante das empresas”, disse, em entrevista na edição desta quinta-feira 6 do jornal O Estado de S.Paulo.
Nesta semana, o Bradesco anunciou que teve um lucro de R$ 25,8 bilhões em 2019, primeiro ano de condução da política econômica por Paulo Guedes e Jair Bolsonaro. O montante fez com que o banco crescesse 20% no ano.
O balanço do Bradesco também revela que o banco extinguiu 1.943 postos de trabalho em apenas 3 meses.
> Bancos eliminaram quase 10 mil postos de trabalho em 2019
“Muito infeliz a declaração do presidente do Bradesco diante do lucro exorbitante que o banco obteve”, afirma Neiva Ribeiro, secretária-geral do Sindicato e bancária do Bradesco. “Com R$ 25 bilhões de lucro, os funcionários sobrecarregados, o número de adoecimentos aumentando pela pressão por cobrança de metas e resultados cada vez maiores, o que o funcionário do Bradesco pode esperar do banco é demissão?Então o bancário do Bradesco já tem um motivo para se mobilizar contra essa reforma”, afirma a dirigente.
Neiva salienta que o sistema financeiro é o maior apoiador das reformas de Temer e Bolsonaro, que retiram direitos. “E a intenção deles com isso é clara e não tem pudor algum de esconder: reduzir postos de trabalho , direitos trabalhistas e sociais”, opina.
“Uma reforma tributária justa para nosso país é aquela que tribute os mais ricos, as grandes fortunas , os grandes acionistas dos bancos e os rentistas. E aquilo que fosse arrecadado com esses impostos financiasse políticas públicas para toda a população como é feito nos países desenvolvidos. O Bradesco deveria vir a público comemorar o lucro e anunciar que vai contratar mais para retribuir ao país com empregos um pouco do que lucra e não vir a público anunciar demissões. Uma reforma tributária não deve gerar mais desemprego , recessão e pobreza da maioria em detrimento de poucos”, afirma Neiva.
“Essa declaração deve ser um estímulo aos trabalhadores para fortalecer nossa organização e impedir os efeitos nocivos dessa política neoliberal tão nociva aos trabalhadores”, finaliza a dirigente.