*Atualização: o Bradesco atendeu à solicitação do Sindicato e pagará a PLR nesta terça-feira 11. Veja quanto receberá por meio do simulador do Sindicato.
O Bradesco teve lucro de R$ 25,887 bilhões em 2019, o que representa um crescimento de 20% em relação ao resultado obtido em 2018. É o maior lucro anual já registrado pela instituição. No quarto trimestre de 2019, o lucro recorrente foi de R$ 6,645 bilhões, alta de 14% na comparação com o mesmo período de 2018. Os dados são do balanço do banco, divulgado nesta quarta-feira 5.
O Sindicato já entrou em contato com a direção do Bradesco solicitando a antecipação da PLR, cujo prazo de pagamento, estabelecido na CCT dos bancários, é até 3 de março. “Os resultados do Bradesco confirmam que, mesmo na crise, os bancos são o setor mais lucrativo do país. O crescimento de 20% do lucro, em relação a 2018, mostra que o Bradesco não apenas pode, mas deve valorizar seus funcionários, que são os responsáveis por construir no dia a dia esse lucro. Nada mais justo, portanto, que o banco antecipe o crédito da segunda parcela da PLR 2019”, ressalta a secretária-geral do Sindicato, Neiva Ribeiro, que é bancária do Bradesco.
A dirigente reforça que os trabalhadores estão ansiosos por isso. “Os bancários têm nos procurado para saber quando vem a PLR. Com a publicação do balanço, o banco já pode responder ao Sindicato. Estamos aguardando ansiosos. A ansiedade é tanta que todo dia tem fake news rolando”, diz Neiva, referindo-se a mensagens falsas que estão circulando via Whatsapp com supostas datas de pagamento.
Regras da PLR
A regra da PLR “cheia” (primeira e segunda parcelas da PLR 2019) consiste no pagamento de 2,2 salários com teto de R$ 29.000,77 mais a parcela adicional, que tem como teto o valor de R$ 4.914,59. Desse total, desconta-se o valor antecipado na 1ª parcela, paga em setembro de 2019, e o restante é o que será recebido pelos bancários e bancárias até o dia 3 de março.
PLR é conquista
Neiva lembra que os bancários foram a primeira categoria no Brasil a conquistar o direito à participação nos lucros e resultados da empresa, em 1995. “A PLR, assim como todos os direitos que estão em nossa CCT, não são benefícios dados pelos bancos, mas sim conquistas, fruto de muita luta e mobilização dos bancários”, afirma a secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Neiva Ribeiro.
Extinção de empregos
O balanço também mostra que o Bradesco extinguiu 1.943 postos de trabalho em apenas 3 meses, principalmente em função do lançamento do Programa de Desligamento Voluntário em agosto de 2019, que teve 3.418 adesões. Em dezembro de 2019, o número de funcionários do Bradesco chegou a 97.329.
A secretária-geral do Sindicato critica o corte de empregos promovido pelo banco. “O lucro sempre crescente não justifica corte de pessoal. Além disso, a sobrecarga nas agências e departamentos do banco é muito grande. Os bancários estão adoecendo”, diz Neiva.
Outros dados do balanço
A carteira de crédito expandida do Bradesco cresceu 4,6% no trimestre e 13,8% no ano, e chegou a R$ 604,953 bilhões. A carteira de pessoa jurídica teve alta anual de 10,7%, com grandes empresas (+10,9%) crescendo mais do que o crédito para micro, pequenas e médias (+10,0%).
A carteira para pessoa física avançou 19,2% na comparação anual. Os maiores crescimentos foram nas linhas de crédito pessoal (35,4%), crédito pessoal consignado (23,7%), CDC/leasing de veículos (22,3%) e financiamento imobiliário (15,7%).
Mesmo com queda na inadimplência para 3,3% – era 3,6% no terceiro trimestre de 2019 e 3,5% no quarto trimestre de 2018 –, o Bradesco aumentou suas despesas com provisões para perdas no crédito (PDD), que subiram 5,2% na comparação com o quarto trimestre de 2018, ficando em R$ 3,981 bilhões, e tiveram alta de 19,3% em relação ao terceiro trimestre de 2019.
As receitas de prestação de serviços totalizaram R$ 8,829 bilhões no trimestre, um aumento de 4,7% ante igual período do ano anterior.