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Bancários cobram regulamentação do SFN

Linha fina
Durante encontro promovido pela CUT, dirigentes do Sindicato defendem atuação mais eficaz do Banco Central e a discussão de regras para o setor como medidas essenciais para o desenvolvimento do país
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São Paulo – O Banco Central ainda não cumpre como deveria seu papel de fiscalizador das instituições financeiras, e a regulamentação do setor financeiro é essencial para o desenvolvimento do país. Foi o que defendeu a secretária-geral do Sindicato, Raquel Kacelnikas, durante o Encontro do Macrossetor – Comércio, Serviços e Logística, da CUT (Central Única dos Trabalhadores).

A dirigente (à esquerda na foto) citou como exemplos a desproporcional remuneração dos altos executivos dos bancos e a proliferação dos correspondentes bancários, principalmente nos grandes centros urbanos. “Em 2012, os executivos do Itaú ganharam mais de R$ 8 milhões cada e os do BB, R$ 1 milhão”, disse Raquel, durante os debates nesta terça 12, da segunda mesa, cujo tema foi “Estado como indutor do desenvolvimento e como agente regulador”.

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Raquel também ressaltou que a ampliação dos correspondentes bancários desvirtuou sua função original. “Os correspondentes foram criados, em tese, para aumentar a bancarização, ou seja, levar os serviços bancários a municípios pequenos e distantes dos grandes centros. Mas eles se concentram justamente nas grandes cidades, como São Paulo. Isso mostra que de fato servem para diminuir custos e diferenciar o atendimento aos clientes”, criticou.

Outro problema do setor financeiro, segundo Raquel, é a alta rotatividade e a terceirização. “Nos anos 80 nós, bancários, éramos 1 milhão e havia algumas centenas de bancos, além de bancos públicos estaduais em todos os estados brasileiros. Hoje, após as privatizações e fusões, temos apenas quatro estaduais, cinco grandes instituições financeiras (Banco do Brasil, Caixa, Itaú, Bradesco e Santander) e uma média (HSBC)”. Segundo pesquisa de emprego da Contraf-CUT e Dieese, em 2012 a categoria bancária reunia 508 mil trabalhadores em todo o país.

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Conferência Nacional - Raquel ressaltou que ao mesmo tempo em que houve redução de postos de trabalho no setor, houve aumento do número de clientes e do volume de crédito. “Por tudo isso, a categoria reivindica a realização de uma conferência nacional sobre o setor financeiro. Se queremos um Brasil diferente, o BC tem de assumir de fato seu papel”, afirmou.

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Juros – A secretária-geral não deixou de destacar a iniciativa do governo federal no sentido de baixar os juros e ampliar o crédito, iniciada em abril de 2012. “Os bancos públicos conseguiram ampliar seus lucros baixando os juros e aumentando suas carteiras de crédito. Mas os privados apostaram no aumento das tarifas e em demissões, principalmente Itaú e Santander.”

A presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, ressaltou durante os debates a importância das instituições públicas como indutoras do desenvolvimento. “60% do crédito rural está no Banco do Brasil e programas como o Minha Casa, Minha Vida ajudam na inclusão social e no crescimento da economia. As privadas não têm essa responsabilidade social, estão preocupadas apenas em enriquecer seus acionistas. Queremos regulamentar o setor financeiro para que as empresas privadas sejam obrigadas a aplicar recursos no desenvolvimento do país, para que de fato o crédito chegue subsidiado a alguns setores da economia.”

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Andréa Ponte Sousa - 12/3/2013

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