São Paulo – O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro variou 0,1% em 2014, segundo informou na sexta 27 o IBGE, com crescimento da agropecuária (0,4%) e dos serviços (0,7%) e queda da indústria (1,2%). Foi o resultado mais fraco desde 2009 (-0,2%). Em valores correntes, o PIB alcançou R$ 5,521 trilhões no ano passado, e o PIB per capita ficou em R$ 27.229, queda de 0,7% ante 2013. No ano anterior, a variação do PIB havia sido de 2,7% e do per capita, de 1,8%.
O consumo das famílias, um indicador importante, aumentou menos no ano passado: 0,9%, ante 2,9% em 2013. "Se, por um lado, a massa salarial dos trabalhadores cresceu, em termos reais, 4,1% entre 2013 e 2014, por outro o crédito com recursos livres para as pessoas físicas deixou de crescer em termos reais", diz o IBGE. A despesa de consumo do governo também desacelerou: a alta passou de 2,2% para 1,3%.
A formação bruta de capital fixo, que aponta investimentos, caiu 4,4% no ano passado. Havia crescido 6,1% em 2013. "A redução é justificada, principalmente, pela queda da produção interna e da importação de bens de capital, sendo influenciada ainda pelo desempenho negativo da construção civil neste período", informa o instituto.
Outros itens também mostraram desempenho inferior ao de 2013. A taxa de investimento foi de 19,7% do PIB, ante 20,5% no ano anterior. E a taxa de poupança passou de 17% para 15,8%.
Setores - Na indústria, o destaque foi o crescimento do setor extrativo-mineral, de 8,7%, influenciando, segundo o IBGE, "tanto pelo aumento da extração de petróleo e gás natural quanto pelo crescimento da extração de minérios ferrosos". Construção civil e eletricidade e gás, água esgoto e limpeza urbana caíram 2,6%. "O desempenho desta última foi influenciado pelo maior uso das termelétricas, sobretudo a partir do segundo trimestre do ano", diz o instituto.
A indústria de transformação recuou 3,8%, com influência do setor automobilístico e da fabricação de máquinas e equipamentos, entre outros. Algumas atividades se mantiveram em alta, como a farmacêutica, produtos de limpeza e perfumaria e a de bebidas.
Dentro dos serviços, o comércio teve retração de 1,8% e os demais registraram crescimento, como informação (4,6%), atividades imobiliárias (3,3%) e transporte, armazenagem e correio (2%).
Já a variação positiva da agropecuária refletiu o desempenho de algumas culturas importantes, como soja (5,8%) e mandioca (8,8%), mas com perda de produtividade, segundo o IBGE. "Vale ressaltar também que algumas culturas tiveram variação negativa na estimativa de produção anual, como, por exemplo, cana-de-açúcar (-6,7%), milho (-2,2%), café (-7,3%) e laranja (-8,8%)", acrescenta.
Tanto exportações (-1,1%) como importações (-1%) caíram em 2014. Nas vendas ao exterior, o IBGE destaca as quedas da indústria automobilística (incluindo caminhões e ônibus) e de embarcações e estruturas flutuantes. Cresceram vendas de produtos siderúrgicos e de madeira, além de celulose. Entre as importações, a queda foi por máquinas e equipamentos e também pelo setor automotivo (incluindo peças e acessórios). Aumentaram as compras de óleo diesel, tecidos e bebidas.
Revisão - Além de divulgar o resultado do ano passado, o IBGE revisou os dados de 2012 e 2013. No primeiro caso, o crescimento passou de 1% para 1,8%; no segundo, de 2,5% para 2,7%.
Trimestral - Do terceiro para o quarto trimestre do ano passado, o PIB cresceu 0,3%. Na comparação com o quarto trimestre de 2013, a variação foi de -0,2%, com recuo de 1,9% na indústria e alta de 0,4% no setor de serviços e de 1,2% na agropecuária.
Rede Brasil Atual - 27/3/2015
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Consumo das famílias cresce menos. Taxas de investimento e de poupança também são menores. IBGE revisa para cima resultados de 2012 e 2013
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