São Paulo – A tabela de alíquotas do Imposto de Renda está defasada em mais de 83,1%. A constatação está no estudo divulgado pelo Dieese, em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco). Na prática, significa que, hoje, os trabalhadores isentos seriam os que recebem até R$ 3.460,50 e não os atuais R$ 1.903,98.
De acordo com a economista do Dieese e coordenadora da pesquisa, Patricia Pelatieri, para aumentar a arrecadação o governo federal penaliza os trabalhadores. Ela explica que, mesmo com os salários corrigidos pela inflação, os trabalhadores acabam tendo seus ganhos defasados. "Trabalhador que ganhava no ano passado R$ 1.800 e teve um reajuste (do salário) pela inflação, passou a ganhar R$ 1.914. Ele não pagava imposto de renda, mas porque teve reajuste, ele vai pagar 7,5% de imposto de renda. Então, o salário dele, mesmo com o reajuste que teve, vai passar a ser R$ 1.770", afirma, em entrevista ao repórter Paulo Castilho, da TVT.
O secretário-geral da CUT de São Paulo, João Cayres, explica que, além da defasagem do salário, a falta de correção do reajuste da tabela também reduz o valor das deduções do imposto de renda, o que causa ainda mais perdas ao trabalhador. “Dedução por dependente, hoje, está em torno de R$ 2.270, mas se aplicássemos a correção, estaria em torno de R$ 4.300 por dependente.”
Patrícia alerta que, para uma distribuição de renda mais justa no Brasil, é essencial repensar a atual política tributária, taxando os ricos e aumentando as faixas de contribuição. "Nós temos quatro faixas, mas propomos mais uma faixa que teria uma alíquota de 30% e uma outra de 35%. Tem a proposta de aumentar a isenção, então você privilegia quem ganha menos e você aumenta para quem ganha mais, como em diversos países do mundo."