São Paulo – Dados do Banco Central revelam que em dois anos mais de 100 municípios brasileiros deixaram de ter agências bancárias. Em 2014, 241 cidades não possuíam unidades de atendimento tradicionais, número que subiu para 352 em 2016.
“Os dados revelam que os bancos continuam não respeitando sua obrigação, como concessões públicas, de oferecer atendimento de qualidade à população brasileira”, avalia a diretora do Sindicato, Marta Soares.
Modelo digital – A principal justificativa dos bancos para o fechamento de agências é a ampliação do atendimento por meio dos canais digitais. Em 2016, aproximadamente 62% das operações bancárias foram feitas no ambiente digital, contra 49,5% em 2014.
“Existe um movimento em todos os bancos no sentido de substituir agências pelo atendimento digital. Porém, quem deve escolher o modelo de atendimento deve ser o cliente, e não uma imposição do banco. O maior prejudicado é o residente de municípios pequenos, que não contam com boa infraestrutura de telecomunicações e, com o fechamento de agências, são obrigados a percorrer grandes distâncias para realizar transações bancárias”, critica Marta.
Reestruturações – De acordo com a dirigente, outra razão para a redução no número de agências são as reestruturações promovidas pelas instituições financeiras.
“Na ânsia de ampliar ao máximo seus lucros, os bancos demitem e fecham agências. Forçam o modelo de atendimento digital e ignoram o fato de que o Brasil é um país diverso e grande parte da população não está incluída digitalmente. O atendimento bancário nos pequenos municípios será ainda mais precarizado com a reestruturação de BB e Caixa, dois bancos públicos com forte atuação nestes locais. O desmonte destas instituições pelo governo Temer prevê o fechamento de centenas de agências e milhares de demissões”, enfatiza a diretora do Sindicato.
"A defesa dos empregos bancários e dos bancos públicos são prioridades para o Sindicato. As demissões e fechamento de agências não prejudicam somente bancários, cada vez mais sobrecarregados, mas também a população, que tem o atendimento precarizado", conclui Marta.