São Paulo – Um comentário machista e misógino feito por um bancário na intranet do BB, em uma matéria sobre equidade de gênero, alerta para a necessidade cada vez maior de se combater esse tipo de prática no banco. O autor da ofensa, que inclusive já foi representante dos funcionários do Banco do Brasil em entidade associativa, mas não tem ligação com o Sindicato ou qualquer outra entidade ligada à Contraf/CUT, escreveu o seguinte:
“A equidade de gênero deveria ser discutida junto com regras mais objetivas de ascensão profissional. Termos institucionalizados metas de 15% para nomeações de determinado gênero (independente do critério competência e mérito) deixa claro que o processo interno de seleção é subjetivo. Outro ponto interessante observado é que 100% das colaboradoras contratadas por toda DISUD, SUPER MG, SUPER RJ, SUPER SP, SUPER ES são do gênero feminino, novas e de boa aparência. Critérios e atributos diferentes?”
A dirigente sindical e bancária do BB Fernanda Lopes rechaça esse tipo de postura e acrescenta que 15% de nomeações garantidas para as mulheres “é muito pouco”. “É lamentável esse tipo de comportamento vindo de alguém que já foi eleito representante de funcionários em entidade associativa, embora não seja ligado ao Sindicato e nem nos represente. Nossa formação profissional é comprovadamente superior à dos homens na categoria bancária e dentro do BB. Nosso Sindicato, que teve eleita Ivone Silva, a primeira mulher negra para a presidência de uma entidade dessa envergadura, sempre defendeu políticas de equidade de gênero e aponta a necessidade das mulheres participarem cada vez mais do campo diretivo das empresas e dos sindicatos”, ressalta.
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A dirigente alerta que existe dentro do BB políticas internas machistas e misóginas que necessitam ser combatidas imediatamente. “Hoje as mulheres são mais de 50% força de trabalho real, mas não representam nem 2% dos cargos de direção da entidade (altos executivos). É necessária muita luta em busca da equidade de gênero no BB”, acrescenta Fernanda, lembrando que o Sindicato sempre teve essa questão pautada em congressos e mesas das quais participa.
“Apesar de o banco ser signatário de compromissos por equidade de gênero, como propagandeou sua direção durante evento em Nova York, no ano passado, o BB nunca transformou efetivamente os compromissos de igualdade em políticas implementadas na empresa. Que ele cumpra o que assinou no último acordo e discuta a questão conosco”, finaliza Fernanda.