Representantes dos funcionários do Santander se reuniram nesta terça-feira com representantes do banco para a primeira etapa da negociação da renovação do acordo específico de trabalho. Após a entrega da minuta, elaborada com base na consulta realizada aos bancários em janeiro e fevereiro, foram discutidas as cláusulas do novo acordo.
Uma das prioridades colocadas em pauta foi a isenção total de tarifas para os trabalhadores do Santander, incluída na cláusula 7ª da minuta apresentada nesta terça. A dirigente sindical Maria Rosani, coordenadora da COE, lembra que em 2019, o banco lucrou R$ 18 bilhões apenas com tarifas – valor equivalente a duas vezes a folha de pagamento, incluindo a PLR.
“Para os trabalhadores, é muito necessária e justa esta isenção. Com atuação em mais de 120 países, só no Brasil os empregados do banco são obrigados a pagar tarifas, mesmo sendo responsáveis por 28% do lucro global. Não tem qualquer justificativa para uma negativa a esta demanda, que já vem sendo discutida há 20 anos”, completou.
Novos valores
Somada à isenção de tarifas, os bancários cobraram também a preservação de direitos já garantidos no acordo atual, assim como a ampliação de novas garantias.
“É importante agregar cada vez mais valor ao nosso acordo, já que os trabalhadores são cotidianamente desafiados a gerar resultados cada vez mais expressivos”, explicou Rosani.
Outro ponto de entrave na negociação foi a questão do reajuste do Programa de Participação dos Resultados do Santander (PPRS). Os trabalhadores propuseram que a correção precisa refletir o mesmo aumento do lucro do banco, que cresceu mais de 100% nos últimos 5 anos, ao passo que a PPRS teve reajuste de apenas 20%.
“Uma vez que o crescimento do banco é resultado direto do esforço dos trabalhadores, queremos uma distribuição mais justa deste resultado”, disse Rosani.
Também foi discutido na reunião o financiamento, por parte do Santander, da capacitação profissional dos seus quadros. Foi reivindicado que, uma vez que o banco exige certificações Anbima de seus funcionários, a empresa deve ressarcir ao menos duas vezes o valor da inscrição caso o bancário seja reprovado.
“Nós convidamos os bancários a conversar com seus colegas e questionar: você acha justo que um banco que cresceu 100% nos últimos anos te cobrar tarifas, não querer arcar com as certificações exigidas por ele próprio e ainda oferecer um reajuste de PPRS que não reflete o lucro, resultante do seu trabalho? Precisaremos de unidade e mobilização para conseguir mais direitos e a manutenção do que já conquistamos”, encerrou a dirigente sindical.
A reunião foi interrompida ao final da tarde e será retomada nesta quarta-feira 4 pela manhã.