Atos em todo o país marcarão o 8 de Março, Dia Internacional da Mulher. Em São Paulo, o ato convocado pela CUT, sindicatos de diversas categorias (entre eles o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região) e movimentos sociais terá concentração a partir das 16h, no Masp, na Avenida Paulista, e depois sairá em caminhada até a Praça Roosevelt, na região central. Este ano, o tema das manifestações será “Pela Vida das Mulheres, Bolsonaro Nunca Mais! Por um Brasil sem machismo, racismo e fome”.
“Nos últimos anos, o Brasil registrou milhões de mulheres a menos na força de trabalho em meio a cortes de políticas públicas, diminuição do auxílio-emergencial e recordes de mortes em decorrência da covid-19. Houve também aumento da violência contra a mulher. Nossa luta é diária, contra os retrocessos em direitos e conquistas, por isso as bancárias estarão na Paulista na próxima terça-feira”, destaca a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva.
Ivone ressalta que os dados da violência contra a mulher são alarmantes no Brasil. Segundo levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, houve 666 feminicídios no país no primeiro semestre de 2021; isso corresponde a quatro mulheres assassinadas por dia. No mesmo período, o número de estupros com vítimas mulheres aumentou 8,3% na comparação com o primeiro semestre de 2020.
“O aumento da violência também nos preocupa e, por isso, oferecemos atendimento jurídico especializado a mulheres vítimas de violência doméstica e de gênero, bancárias ou não, e também para vítimas de racismo, por meio do projeto Basta! Não irão nos calar!, com o atendimento a mais de 200 mulheres, desde 2019. Nesse esforço conjunto, pais, irmãos, maridos, filhos, líderes comunitários e toda a sociedade têm papel essencial na luta pela igualdade e respeito. Portanto, no ato do dia 8, os homens também estarão nas ruas”, acrescenta Ivone, lembrando que os cuidados contra a covid devem continuar sendo seguidos, com o uso de máscaras N95 ou PFF2 e álcool 70%.
Bolsonaro nunca mais!
Em manifesto, lançado pela CUT, o movimento sindical lembra que a política neoliberal de Jair Bolsonaro e de seu ministro da Economia, Paulo Guedes, causou desemprego, fome, desmantelamento das políticas sociais. E neste cenário, as mulheres, em particular as mulheres negras, são as maiores vítimas.
Enquanto a taxa de desemprego foi de 9% para os homens no trimestre encerrado em dezembro de 2021, a das mulheres foi de 13,9%. Por cor ou raça, a taxa de desemprego foi de 9% para os brancos, bem abaixo da taxa para os pretos (13,6%) e pardos (12,6%). Já o rendimento médio das mulheres foi de 81% do rendimentos médio dos homens; no caso das mulheres negras em comparação com os homens brancos essa diferença é ainda maior: elas ganham em média 61,2% do que a renda média deles.
As mulheres também foram as maiores vítimas da crise agravada pela pandemia de coronavírus. Segundo estudo da Gênero e Número e da Sempreviva Organização Feminista, 50% das mulheres passaram a se responsabilizar pelo cuidado de alguém na pandemia; e essa responsabilização pelos cuidados da casa e de criança ou idosos dificultou ainda mais a participação da mulher no mercado de trabalho.
O manifesto lembra o golpe machista contra Dilma Roussef, a primeira mulher legitimamente eleita presidenta do país. E destaca os retrocessos que o Brasil enfrenta desde o governo ilegítimo de Temer até o governo misógino, racista e negacionista de Bolsonaro.
O Brasil, que em 2014, no governo Lula, havia saído do Mapa da Fome, da ONU, voltou a fazer parte dele em 2018, no período pós-golpe, e a situação se agravou no governo Bolsonaro. O documento destaca ainda que a carestia se alastrou pelas casas das famílias brasileiras. “O preço dos alimentos, do gás, da água e da energia não param de subir, e passamos a ver cada vez mais pessoas buscando comida no lixo e disputando ossos e carcaças nos açougues para alimentar suas famílias. A paralisação dos programas voltados para os povos do campo, das águas e das florestas é mais uma demonstração da parceria de Bolsonaro com o agronegócio, que agrava ainda mais o cenário da insegurança alimentar, destruição da natureza e entrega da nossa soberania. Por isso, continuamos defendendo e fortalecendo a agroecologia como estratégia de resistência e luta!”, enfatiza a presidenta do Sindicato.
Por todos esses motivos, a CUT, sindicatos e movimentos feministas chamam todos os que defendem um país menos machista, que querem o fim da violência contra a mulher e do feminicídio, que lutam contra o racismo e o combate à enorme desigualdade social que se agravou no Brasil, a irem às ruas neste 8 de março. Pela vidas das mulheres, Bolsonaro nunca mais! Por um Brasil sem machismo, racismo e fome!