Em meio a um processo de reorganização mundial e fortalecimento da extrema-direita, o comitê diretivo da UNI Américas está reunido em Buenos Aires, na Argentina, para realizar uma análise de conjuntura, fazer um balanço das ações definidas em conferências anteriores e estabelecer novas estratégias a fim de resistir aos ataques aos trabalhadores e às minorias.
A análise da conjuntura política econômica mundial partiu do cenário atual vivido na Argentina por conta do governo de Javier Milei, que promove ataques aos direitos da população, em um movimento semelhante ao que ocorreu no Brasil durante o governo Bolsonaro.
O país enfrenta uma grave crise econômica com uma inflação interanual de 254%, sendo 50% desde que o novo presidente assumiu. E Milei insiste em tentar aprovar pacotes de medidas que atacam frontalmente os direitos dos trabalhadores e da população.
Além do aumento nos preços dos alimentos e medicamentos, a retirada de subsídios nos serviços públicos causou um ajuste abrupto nas tarifas. Por exemplo, em Buenos Aires, a passagem de transporte aumentou 250% de um dia para o outro.
O comitê diretivo da UNI debateu as semelhanças entre a invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2020, e a tentativa de golpe de Estado no Brasil, em 8 de janeiro de 2023, que resultou em atos de vandalismo nos prédios dos três Poderes – ambos eventos ocorridos após a extrema-direita perder no processo democrático eleitoral.
As mudanças e resistências à extrema direita e aos ataques neoliberais na América Latina foram outro tema de debate, com representantes informando a situação em seus respectivos países.
No Brasil, foram enfatizadas as leis para retomar as políticas públicas no governo Lula, como a Lei de Igualdade Salarial entre homens e mulheres; o aumento dos benefícios do Bolsa Família; e as medidas na área econômica que resultaram no aumento de 2,9% no PIB em 2023, e no crescimento do emprego e da renda no ano passado. Isto mesmo com um Congresso Nacional dominado pela direita e com a gritaria do mercado financeiro.
Esteve presente na análise a secretária-geral do Sindicato e presidenta mundial da UNI Juventude, Lucimara Malaquias, que deu o informe sobre os avanços da organização da juventude, na sindicalização, na organização e no fortalecimento das redes sociais para a disputa da comunicação.
Também estiveram presentes Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT, e Rita Berlofa, secretária de Relações Internacionais da Contraf-CUT.
Feita a análise de conjuntura, os participantes da reunião discutiram quais serão os eixos temáticos para a conferência regional que ocorrerá em 2025.
O comitê diretivo da UNI aprovou também resoluções pela paz e a urgência do cessar-fogo na Palestina e na Ucrânia, e também uma declaração contra a privatização do Banco de la Nación Argentina.
“Nesta reunião do Comitê Diretivo da UNI Américas estamos analisando a conjuntura política, acompanhando os ataques a democracia promovidos pela extrema direita na América Latina. No Brasil, os trabalhadores se organizaram e elegeram o presidente Lula, e vamos manter a pressão no Congresso Nacional pelo fortalecimento das leis trabalhistas e políticas públicas. Vemos com preocupação as disputas e retrocessos em diversos países e discutimos os eixos para os próximos anos”, relata Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo e vice-presidenta da UNI América Mulheres
A UNI Global Union é um sindicato mundial que representa mais de 20 milhões de trabalhadores dos setores de serviços em todo o mundo, ao qual o Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região é filiado. A UNI Américas é o braço continental da UNI Global Union.
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