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Os trabalhadores protestam contra o processo de demissões dirigidas, deflagrado na semana passada, focadas em funcionários com jornada de seis horas e também aqueles com mais de 20 anos de empresa e próximos à estabilidade pré-aposentadoria. As demissões – há informações de que já são cerca de uma centena em todo o país – significam o descumprimento do acordo feito em mesa de negociação em dezembro passado, após a demissão em massa de 600 bancários às vésperas do Natal.
“Dentre os demitidos há casos de bancários com uma vida inteira de dedicação ao banco e há poucos meses de entrar no período de estabilidade pré-aposentadoria. Uma crueldade, pois nessa fase a dificuldade de arrumar um outro emprego é ainda maior. E também há funcionários com doenças ocupacionais”, afirma o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Luiz Cláudio Marcolino.
A diretora do Sindicato e funcionária do Banespa, Rita Berlofa, lembra que o banco fez uma das mais caras campanhas publicitárias do país, para mostrar que é maior do mundo. “Mas como pode o maior banco do mundo demitir trabalhadores às vésperas da estabilidade pré-aposentadoria? Se são os maiores e melhores administradores, não deveriam tratar assim seus trabalhadores.” A dirigente ressalta, ainda, que o Grupo Santander Banespa remeteu cerca de R$ 3 bilhões à matriz da empresa, na Espanha. “Parte do patrimônio construído pelos brasileiros foi enviado para fora e aqui o banco faz demissões. Isso é injustificável”, completa Rita Berlofa.
A direção do Grupo já foi contatada, mas ainda não respondeu à solicitação do Sindicato. Os bancários permanecerão mobilizados até que as demissões sejam revistas.
Vida real – Bancários e clientes estão revoltados com o tratamento que o banco está dispensando aos trabalhadores. Em algumas agências os usuários fizeram abaixo-assinados contra as demissões.
O depoimento do bancário Marcos Seixas (nome fictício) é emblemático: após 28 anos de serviços prestados ao Banespa, foi dispensado hoje. “A gente percebe que uma vida inteira de dedicação não é reconhecida, tudo isso é simplesmente jogado no lixo de uma hora para a outra. Vou ter que correr atrás, mas não sei o que vou fazer agora, com idade avançada e com experiência apenas em uma empresa não vai ser fácil arrumar um emprego. O pessoal disse que estão demitindo o pessoal com mais tempo de casa e com jornada de seis horas. Eu me enquadro nas duas situações, mas não posso ter certeza. Sei que sempre tive muito serviço e sempre me dediquei de corpo e alma ao banco.”