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Bancários do Santander em Dia Nacional de Luta

Linha fina
Banco espanhol demitiu mais de mil trabalhadores em dezembro do ano passado e quem ficou sofre com metas abusivas e más condições de trabalho
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São Paulo – Os trabalhadores do Santander em São Paulo atrasaram abertura de agências nesta quinta-feira 11 em protesto contra as condições desumanas de trabalho impostas pela direção do banco. O ato fez parte do Dia Nacional de Luta – uma série de protestos que ocorreram em todo o país, demonstrando a força e a unidade dos bancários no Brasil.

> Fotos: galeria com imagens da manifestação
> Vídeo: gerente aponta má condição de trabalho

Em dezenas de agências, protestos contra a falta de funcionários, pelo fim das metas abusivas, exigindo melhores condições de trabalho e saúde, e o fim do assédio moral.

Os bancários apostaram no diálogo com a população por meio de uma carta distribuída aos clientes, explicando a situação que os funcionários são obrigados a enfrentar. O texto também pede apoio e compreensão à luta. “As agências do Santander estão com falta de funcionários e sobrecarga de trabalho. O banco espanhol fez demissões em massa em dezembro de 2012. O pior é que, em vez de preencher essas vagas, novas dispensas estão acontecendo”, diz trecho do comunicado.

A diretora executiva do Sindicato e coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE Santander), Maria Rosani, conta que o número de reclamações dos trabalhadores da instituição espanhola que chegam ao Sindicato aumenta a cada dia. A direção do banco, no entanto, recusa-se a enxergar o problema.  “Algumas agências precisam ser fechadas no meio do dia porque a quantidade de funcionários não é suficiente para dar conta do número de clientes, mas o banco afirma que está tudo dentro da normalidade.”

> Confira folder distribuído na manifestação

Priorização dos clientes – A diretora dá um exemplo para ilustrar a política da instituição no que se refere à contratação de pessoal. “O Santander abriu um novo tipo de agência chamada Select, para clientes de alto padrão aquisitivo, mas ao invés de contratar novos funcionários, o banco está tirando gerentes das agências já existentes e transferindo para essas novas unidades, o que acaba acarretando mais sobrecarga a todos os funcionários.”

Para a diretoria executiva do Sindicato, Rita Berlofa, a abertura dessas agências significa uma política de priorização aos clientes de alta renda em detrimento dos demais. “Mas um banco é uma concessão pública e, por isso, tem a obrigação e o compromisso de atender com excelência todos os seus clientes e a população brasileira como um todo, independentemente da sua renda.”

Um quarto do lucro mundial – Em 2012, o Santander lucrou R$ 6,3 bilhões no Brasil, 26% do lucro mundial da instituição espanhola. Os resultados só não foram ainda maiores porque, mesmo com baixa inadimplência, o banco reservou R$ 14,9 bilhões para provisões com devedores duvidosos (PDD), aumento em 30%.

“O que nós queremos é que o banco reveja esse tratamento aos seus funcionários, porque não é possível que os trabalhadores do Brasil, que são responsáveis por mais de um quarto dos lucros da instituição no mundo, sejam tratados como cidadãos de segunda categoria”, critica Rosani.


Rodolfo Wrolli - 11/04/2012
(Atualizado às 15h12 de 16/4)

 

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