São Paulo – Entre 24 de fevereiro e 26 de março, foram registrados 117 acidentes com vítimas nas marginais Tietê e Pinheiros, em São Paulo. Segundo dados divulgados pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), o número é 10,4% maior em relação aos primeiros trinta dias após a elevação dos limites de velocidades determinado pela gestão do prefeito João Doria, quando foram 106 ocorrências com vítimas. Desde o dia 25 de janeiro, os limites de velocidade subiram para 60 km/h nas pistas locais, 70 km/h nas vias centrais e 90 km/h nas vias expressas.
Dos 117 acidentes registrados no último período, 93 envolveram motos, quatro pessoas foram atropeladas e dois motociclistas morreram. O aumento do número de acidentes já era previsto por ativistas de mobilidade, que se posicionaram contra o aumento do limite de velocidades e, agora, prometem aumentar a mobilização.
"São vários estudos internacionais e nacionais que mostram que era esperado que aumentasse o número de acidentes e, em decorrência disso, o número de vítimas. Porque a velocidade é um fator de risco. Não é que ela causa o acidente, ela se soma a outros fatores para aumentar a possibilidade de ter acidentes", afirma Rafael Calabria, ativista da Associação pela Mobilidade a Pé em São Paulo (Cidadeapé), em entrevista à repórter Ana Flávia Quitério, para o Seu Jornal, da TVT.
A redução dos limites das marginais foi adotada pelo então prefeito Fernando Haddad (PT), em julho de 2015. Um ano após, os novos limites, o número de acidentes com vítimas caiu 37,5%.
A gestão Doria alega que o aumento do número de acidentes se dá pelo reforço das equipes de fiscalização, argumento contestado pelos ativistas. "O argumento não faz sentido. Os acidentes que a CET pode não fiscalizar são os pequenos. Quando o acidente tem vítima, a CET é chamada", ressalta Rafael.
A Associação Ciclocidade, que entrou na Justiça e conseguiu liminar, posteriormente derrubada, barrando o aumento dos limites, também lamenta a previsibilidade do aumento do número de acidentes.
"Antes, o argumento era que nós tínhamos o receio de que, se implementados esses novos limites aumentaria o número de ocorrências e a lesividade dessas ocorrências. Agora, passado esses 30 dias, nosso receio, infelizmente, foi confirmado", afirma João Ferreira, advogado da Ciclocidade.
A redução das velocidade é apoiada pela Organização das Nações Unidas (ONU), que recomendou a adoção do limite de 50 km/h em áreas urbanas para diminuir os acidentes e melhorar o fluxo do trânsito na cidade.