São Paulo – O Ministério Público do Distrito Federal investigará o processo de licitação que definiu as empresas que irão gerir as contas publicitárias do Banco do Brasil. A informação foi dada na terça-feira 25 pelo órgão, objetivando apurar se houve irregularidades na operação que teve um dos vencedores revelado pelo jornal Folha de S.Paulo, quatro dias antes da abertura oficial dos envelopes com as propostas das empresas interessadas.
No resultado divulgado pelo banco, na segunda-feira 24, consta a Multi Solution – cujo nome havia sido antecipado em 20 de abril pelo jornal – e outras três empresas, que dividirão um contrato de R$ 500 milhões por ano, prorrogável por até 60 meses, segundo o edital. O montante nesse período de cinco anos chegaria a R$ 2,5 bilhões, sem levar em conta eventuais reajustes no período.
Tanto o BB quanto a agência de publicidade negaram irregularidades. Mesmo assim o governo determinou que o presidente do banco, Paulo Cafarelli, promovesse uma investigação e cancelasse a licitação casso encontrasse falhas no processo.
Desmonte – O diretor do Sindicato e integrante da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga, reforça que o caso tem de ser apurado com rigor e faz duras críticas à direção da empresa.
O dirigente cita depoimentos de Paulo Cafarelli à agência Reuters, em 13 de abril, de que não estava nada satisfeito com estimativa de alta de 1,5% a 4,5% das despesas administrativas do banco neste ano. Além disso, o presidente da instituição afirmou ainda que o BB deve ter em 2017 queda na despesa ao redor de R$ 2,3 bilhões, provocado pela redução do quadro de funcionários.
“Quando casos como esse ocorrem, a própria imagem do banco fica arranhada. E como é possível tentar vender uma ideia de eficiência por meio da redução de gasto de R$ 2,3 bilhões se vai destinar cerca de R$ 2,5 bilhões em publicidade?”, questiona o dirigente sindical. “Enquanto isso, os bancários são jogados de um lado para outro em reestruturações, passam sufoco no atendimento por não haver reposição de milhares de colegas que saíram por meio do Plano Extraordinário de Aposentadoria Incentivada (PEAI). Sem contar o patrimônio do banco que vem sendo destruído, como vemos nas agências fechadas e abandonadas. Temos de dar um basta a tudo isso”, critica o dirigente sindical.
Rumo à greve geral – O integrante da CEBB reforça a necessidade de os bancários fortalecerem a greve geral da sexta-feira 28 contra a retirada de direitos, as reformas trabalhista e da Previdência, e em defesa dos bancos públicos. “Nas entrelinhas, Cafarelli aponta que vai querer reduzir ainda mais as despesas com pessoal. E isso significa mais ataques ao funcionalismo. É para lutar contra essa política de desmonte, em defesa das nossas aposentadorias, contra a terceirização ilimitada, que temos de fortalecer a greve”, convoca João Fukunaga.