No primeiro trimestre de 2018 o setor bancário eliminou 1.645 postos de trabalho. Foram fechadas 1.246 vagas apenas em março. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), compilados pelo Ministério da Economia.
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Em 2018, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Santander lucraram R$ 85,9 bilhões, aumento de 16,2% em relação a 2017, quando essas empresas que respondem por 90% dos empregos bancários lucraram R$ 74 bilhões.
“Em um cenário de profunda crise econômica no qual falta emprego para 27 milhões de trabalhadores, o incrivelmente lucrativo setor bancário não contribui em nada para reverter essa calamidade social. Pelo contrário, é parte do problema quando segue praticando juros extorsivos que inibem qualquer recuperação da atividade econômica e quando defende as reformas trabalhista, que precarizou o mercado de trabalho, e a da Previdência, que irá dificultar o direito à aposentadoria e aumentar ainda mais os lucros das instituições financeiras”, afirma Marta Soares, diretora executiva do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e bancária do Itaú.
Rotatividade
Além da eliminação de postos de trabalho, os bancos seguem lucrando com a rotatividade: demitem bancários que ganham mais e contratam funcionários com salários mais baixos.
Em março o salário médio dos demitidos equivalia a R$ 6.928, enquanto a remuneração média dos admitidos correspondeu a R$ 4.645. Isso significa que os novos funcionários foram contratados ganhando 33% menos do que os demitidos.
O achatamento salarial no setor também é verificado no primeiro trimestre. No período, o salário médio dos demitidos era de R$ 6.752, enquanto a remuneração média dos admitidos correspondeu a R$ 4.584. Ou seja, os novos funcionários foram contratados ganhando 32% menos do que os demitidos.
“Os bancos descartam os trabalhadores mais antigos e que passaram a ganhar mais após anos de dedicação para a lucratividade dessas empresas em troca de funcionários mais novos que recebem menos. Um contrassenso absoluto de um setor que defende com tanto fervor o discurso da meritocracia”, denuncia Marta.
Desigualdade de gênero persiste
Entre os gêneros, a desigualdade também persiste e aumentou. Em março as mulheres foram contratadas ganhando em média R$ 3.946, 25% menos do que os homens admitidos (R$ 8.045). As demitidas ganhavam em média R$ 5.760, 28% menos do que os dispensados (R$ 7.038).
No primeiro trimestre, a desigualdade salarial entre homens e mulheres também foi verificada. No período as bancárias foram contratadas ganhando em média R$ 3.993, 21% menos do que os homens admitidos (R$ 5.069). As demitidas ganhavam em média R$ 5.581, 29% menos do que os dispensados (R$ 7.907).
Na última Campanha Nacional Unificada dos Bancários, no ano passado, a categoria conquistou a realização de um novo Censo da Diversidade, que deve iniciar este ano. O censo é uma ferramenta importante no combate às desigualdades de gênero e raça no setor bancário e para a promoção de políticas de igualdade de oportunidades para mulheres, PCDs (pessoas com deficiência) e negros.
Sobrecarga de trabalho aumenta
Em dezembro de 2017, os cinco maiores bancos tinham 857,65 clientes por empregado. Em dezembro de 2018, essa relação aumentou para 892 clientes por emprego, crescimento de 4,1%.
“Mais um dado que reforça a urgência de ampliar a contratação de novos empregados a fim de não só contribuir com a geração de empregos como também melhorar o atendimento e diminuir a sobrecarga de trabalho e as doenças causadas pelas metas abusivas”, afirma Marta Soares.