O sarampo voltou ao Brasil. Após ter recebido da Organização Mundial da Saúde (OMS) o certificado de eliminação do sarampo, com zero casos até 2016, a doença altamente contagiosa está de volta. Segundo Arthur Chioro, médico sanitarista, professor universitário e ex-ministro da Saúde no governo de Dilma Rousseff, o certificado obtido da OMS foi um esforço de quase 50 anos do programa nacional de vacinação do Brasil, que é um exemplo para o mundo devido à dimensão continental do país.
A reportagem é da Rede Brasil Atual.
Um esforço que, para Chioro, começou a ser jogado fora no governo de Michel Temer, após o impeachment de Dilma Rousseff, e permanece com a incapacidade do governo de Jair Bolsonaro em retomar o controle da situação em seus três primeiros meses de gestão.
“O que é mais grave e nos deixa ainda mais preocupados, não apenas porque o sarampo é uma doença altamente contagiosa, mas o sarampo mata, particularmente as crianças desnutridas e menores de um ano", afirma Arthur Chioro.
O ex-ministro destaca que por trás da volta do sarampo está a ideia que passou a ser disseminada de que as pessoas não devem se vacinar, algo que ele define como uma irresponsabilidade, mas o retorno se dá principalmente pela “desmontagem" da resposta governamental.
“Não dá pra atribuir a volta do sarampo ao governo Bolsonaro, pois temos quase um ano de transmissões sustentadas, com dez mil casos e não apenas os casos que vieram da Venezuela por Roraima. Depois tivemos uma disseminação muito rápida e descontrolada pelo estado do Amazonas, mas temos casos em vários outros estados, inclusive no sul e no sudeste, que não estão relacionados ao vírus que está circulando na Venezuela, é o vírus que está circulando na Europa, o que demonstra como se desarmou o sistema de vigilância epidemiológica.”
Para Chioro, o Ministério da Saúde deixou de coordenar a situação e informar sobre o tema, inclusive não mais usando as parcerias com as secretarias estaduais e municipais de educação pelo país afora para explicar à população os riscos da doença. “Essa cultura da irresponsabilidade fez com que o Brasil perdesse o certificado”, afirma o ex-ministro da Saúde.
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