Em assembleia virtual realizada nesta quinta-feira 22, os empregados da Caixa Econômica Federal da base do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região deliberaram pelo estado de greve e indicaram paralisação no dia 27 de abril.
A mobilização dos trabalhadores, junto ao movimento sindical, foi motivada por uma série de ataques, tanto contra instituição financeira, como aos direitos históricos dos empregados.
No final desta matéria, o Sindicato disponibilizou um formulário, por meio do qual os empregados poderão indicar as unidades de trabalho que irão aderir à paralisação; e contato para tirar dúvidas sobre como proceder durante a mobilização.
Clique aqui para fazer download e imprima cartaz que explica os motivos da mobilização, e para mostrar que a sua agência ou local de trabalho está paralisado.
O Sindicato também disponibilizará material indicando a mobilização, que deverá ser retirado na sua sede, localizada na Rua São Bento, 413, mediante agendamento, por meio do telefone 11 4949-5998.
O estado de greve e o indicativo de paralisação será remetido ao debate nacional, onde pela construção de um movimento forte, com a maior unidade possível dos segmentos de empregados e buscando a maior participação dos bancários, será tirada uma orientação única para todos empregados do país.
Motivos para paralisação
O governo federal pretende abrir o capital de uma das operações mais rentáveis do banco: a Caixa Seguridade, no dia 29 de abril.
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A gestão Bolsonaro também pressiona a Caixa pela devolução dos Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida (IHCDs) – contratos feitos junto ao Tesouro Nacional, que capitalizam o banco e permitem a ampliação da oferta de crédito, a diminuição da taxa de juros e o aumento da capacidade do banco em investimentos na habitação, saneamento, infraestrutura, entre outros.
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Ambas as medidas resultarão na queda de rentabilidade do banco e consequente enfraquecimento frente à concorrência privada.
A direção do Caixa pretende ainda criar uma subsidiária chamada Banco Digital, com outro CNPJ, e transferir para esta nova empresa todas as operações sociais do banco, como pagamentos do Bolsa Família, Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida (que será substituído pelo Casa Verde e Amarela).
Estas medidas são encaradas pelo movimento sindical como mais uma tentativa do governo federal de privatizar o único banco 100% público do país.
“O projeto da equipe econômica de orientação neoliberal do governo Bolsonaro, e da direção da Caixa, é fatiar o banco em várias partes [subsidiárias] e vender cada uma delas – uma privatização disfarçada para contornar decisão do Supremo Tribunal Federal, que impede a venda de empresas estatais sem aval do Congresso”, afirma Tamara Siqueira, diretora do Sindicato e empregada da Caixa.
“Com estas medidas, o governo federal irá promover um ataque mortal à Caixa, transferindo para o capital privado suas funções pública e social, o coração do banco, e sua parte mais rentável, a Caixa Seguridade. Soma-se a estas medidas que irão esvaziar por completo o banco, a devolução dos IHCDs, que descapitalizarão o banco, comprometendo a sua capacidade financeira em benefício dos bancos e investidores privados. Se estas medidas se concretizarem, não sobrará absolutamente nada da Caixa Econômica Federal”, alerta Tamara.
Paralisação também é por condições de trabalho e pela PLR Social
Além destes ataques que, na prática, resultarão na extinção da Caixa, a gestão de Pedro Guimarães sob comando de Paulo Guedes e Jair Bolsonaro simplesmente não pagaram corretamente a PLR Social na íntegra aos empregados. Os bancários perceberam e os economistas do Dieese no Sindicato fizeram as contas e chegaram a diferença de R$ 1.593,43.
O estado de greve também está sendo deflagrado para cobrar da direção do banco melhores condições de trabalho e de atendimento à população, por meio de mais contratações, proteção contra a Covid-19 e vacinação prioritária para os empregados do banco.
“Motivos não faltam para os empregados se mobilizarem e paralisarem suas atividades em protesto, pois os ataques promovidos pela direção da Caixa e pelo governo federal afetam diretamente a PLR Social, uma conquista histórica dos empregados, e a função pública e social do banco, justamente em um momento em que a atuação do Estado deve ser fortalecida e não enfraquecida ou entregue ao capital privado, que só visa o lucro”, afirma Tamara.
Brasil Seguro é Caixa Pública
O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, a Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa) e a Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) lançaram, no dia 16, a campanha “Brasil Seguro é Caixa Pública”.
O objetivo é mobilizar, durante todo o mês de abril, entidades associativas e sindicais, os empregados e alertar os parlamentares e toda a sociedade sobre os graves prejuízos que a privatização vai causar ao banco e à população, em benefício do mercado privado.
A campanha prevê um calendário de lutas que compreende plenárias nas bases de cada sindicato. A de São Paulo foi realizada na terça-feira 20. Além da assembleia desta quinta-feira 22, o cronograma compreende ainda live no dia 26, que debaterá a privatização e descapitalização do banco. O foco desses encontros virtuais será propor ações de mobilização contra a abertura de capital da Caixa Seguridade.