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Artigo

Ivone Silva: 1M: ano para unificar a luta e debater o Brasil que queremos

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Com o tema "1° de Maio pela Vida – Democracia, Emprego e Vacina para Todos", o Dia do Trabalhador tem um importante desafio de unir toda a sociedade civil por um Brasil democrático que valorize a saúde, educação, ciência, cultura, emprego e a soberania nacional. Esse é um ano importante para manter a luta, acumular forças, fazer reflexões e debater o que queremos para o Brasil. É preciso derrotar um governo e uma proposta de Estado mínimo, que quer acabar com todos os direitos conquistados pelos trabalhadores e as entidades de classes que fortalecem a luta.

O Brasil caminha para a pior crise econômica da sua história, com o aumento da pobreza e da desigualdade. A taxa de desemprego atingiu 14,4% no trimestre encerrado em fevereiro, de acordo com a pesquisa mensal do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Temos 14,4 milhões de brasileiros sem emprego, com um número crescente de trabalhadores informais, que já representam cerca de 41% da população, ou seja, quase 40 milhões de pessoas.

Entre os temas defendidos neste 1º de maio estão o respeito à vida; pagamento de auxílio emergencial no valor de R$ 600 até o fim da pandemia; vacinação em massa para toda a população; geração de emprego e renda; defesa das empresas públicas (entre elas os bancos Caixa e BB); e luta contra a reforma administrativa proposta pelo governo Bolsonaro, que destruirá os serviços públicos.

Há uma urgência em manter discussões com a sociedade, como a importância da valorização do salário mínimo, conquistada como resultado da ação conjunta das Centrais Sindicais, por meio das “Marchas a Brasília”, entre 2004 e 2009. No Brasil, o salário mínimo tem influência sobre rendimentos e remunerações; serve de referência para a remuneração de trabalhadores autônomos e constitui o piso dos benefícios da Seguridade Social, que inclui os benefícios da Previdência, da Assistência Social e do seguro desemprego. Por esses motivos, a elevação real do valor do salário mínimo tem grande efeito sobre a população do país, favorecendo o aumento do consumo e auxiliando no desenvolvimento da economia.

Com o crescente aumento do custo de vida, sobretudo dos itens da cesta básica, de acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o salário ideal deveria ser de R$ 5.315,74, que corresponde a mais de quatro vezes o mínimo vigente. Esse seria um cálculo estimado do salário mínimo necessário para suprir as despesas de um trabalhador e sua família (formada por mais um adulto e duas crianças), com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.

Outro importante debate é o fortalecimento dos bancos públicos. Sabemos que sem crédito não há desenvolvimento e sem desenvolvimento não há emprego. O atual governo vai em um caminho inverso: procura reduzir a participação desses bancos e abrir espaço para os privados, diminuindo o crédito, sucateando os bancos públicos e descapitalizando o BNDES, importantes instrumentos de política anticíclica e de financiamento. Atualmente há o acirramento deste desmonte, com o fechamento de agências, redução de funcionários, privatização de setores dos bancos e juros de mercado para fazer com que sejam mais rentáveis para a União. A população cobra a redução das taxas de juros e aguarda mudanças para que o país aumente a geração de emprego e volte a crescer. O desmonte dos bancos públicos é um problema que não afeta somente os trabalhadores, porque tem impacto no crédito no país e prejudica o financiamento dos produtores rurais, habitação, obras de infraestrutura, projetos de geração de renda e políticas sociais, entre outros.

Participe da programação! No Dia Mundial do Trabalhador teremos, a partir das 14h, diversos debates transmitidos pelas redes sociais das centrais sindicais e pela TVT (TV dos Trabalhadores). Será também unificado, reunindo a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e todas as demais centrais sindicais (CGTB, CSB, CTB, Força Sindical, UGT, NCST, Pública, Intersindical). Além disso, a partir das 9h, haverá carreatas (forma de mobilização mais segura na pandemia) em diversas cidades do país. Em São Paulo, carreatas sairão de diversos pontos de concentração, em todas as regiões da capital.

Após mais um ano de pandemia, fica evidente que só a organização dos trabalhadores em seus sindicatos resulta em direitos e avanços. Fica claro também que os sindicatos não lutam apenas por aumentos salariais, mas também por cidadania e por uma sociedade mais justa.

Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região

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