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Redução de juros no BB é bom pra todos?

Linha fina
Queda dos juros aumenta demanda, mas para ser bom também para os bancários deve ser acompanhada de contratações e fim da pressão por vendas casadas
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São Paulo – A redução dos juros bancários para estimular a economia sempre foi uma das bandeiras de luta dos trabalhadores. As recentes iniciativas do governo federal nesse sentido têm, portanto, total apoio do Sindicato. Mas junto com a queda dos juros vem a ganância dos banqueiros que muitas vezes forçam seus funcionários a promover vendas casadas de produtos financeiros como forma de garantir a margem de lucro do banco.

Há denúncias que apontam que no Banco do Brasil esse problema acontece. “A ordem é empurrar produtos e serviços para quem quer renegociar uma dívida ou pegar um novo empréstimo. Isso leva os bancários a fazer um papel com o qual não concordam. Os trabalhadores sentem-se pressionados e até adoecem. São coisas que já aconteciam antes, mas agora, com a queda dos juros, corre o risco de se tornar ainda mais agressiva e é isso que o Sindicato está denunciando e não vai admitir”, afirma o diretor executivo da entidade e funcionário do BB, Ernesto Izumi.

O dirigente destaca também a necessidade de ampliar o quadro de funcionários. “Se a falta de pessoal já era um problema antes da queda do spread, agora é urgente e inadiável a contratação de mais bancários.” Ernesto aponta a função de caixa entre as que mais precisam de nova força de trabalho. E não apenas contratar novos caixas, mas também efetivar os substitutos. “Dentro das agências do BB acontecem muitas injustiças com os caixas substitutos. São bancários que na verdade já atuam como caixas efetivos, estão muito tempo como substitutos, mas que quando entram em licença-maternidade, por exemplo, ou quando precisam se afastar por problema de saúde, perdem remuneração, pois passam a receber o salário da função anterior. Isso é inaceitável”, comenta.

Números – Segundo o BB, as linhas de crédito pessoal registraram, em abril, média diária de desembolso de R$ 278 milhões, 45% superior à média de março. O crédito ao consumo teve média de R$ 1,2 bi, aumento de 112% comparado a março. O empréstimo consignado para aposentados cresceu 65% e o crédito para aquisição de veículos apresentou crescimento de 93%, com média diária de desembolso de R$ 21,3 milhões.

“São apenas alguns exemplos, existem muitos outros impressionantes, todos dando ideia da realidade de sobrecarga de trabalho nas agências e departamentos, que já sofriam com falta de funcionários e pressão por vendas casadas, e agora sofrem ainda mais. Essa situação de estresse se agrava com a individualização das metas promovida pelo equivocado Programa Sinergia. Queremos o fim da lógica das metas individuais e abusivas, queremos contratações e que o banco respeite o cliente, oferecendo produtos que realmente precisem, sem subterfúgios”, diz Ernesto. “Se tem que ser ‘Bom para Todos’, tem de ser bom para funcionários e clientes”, completa.


Redação - 9/5/2012

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