Pular para o conteúdo principal

Balanços mostram rota certa para banco do futuro

Linha fina
Dados divulgados no primeiro trimestre mostram que setor financeiro continua lucrando alto e que quem amplia o crédito, cresce mais
Imagem Destaque

São Paulo - Os maiores bancos que atuam no país já divulgaram seus balanços do primeiro trimestre do ano e continuam crescendo. Mesmo com os cortes nas taxas de juros, liderados pela Caixa Federal e pelo Banco do Brasil desde abril de 2012, os lucros continuam em alta. E exatamente nesses dois, que apostam mais forte na ampliação do crédito com taxas mais baixas, concentram-se os resultados mais expressivos.

“Quando se compara os balanços percebe-se que o banco que cumpre seu papel social, concedendo crédito a juros mais baixos, só tem a ganhar. Mas o aumento do volume de operações tem de vir com valorização e melhores condições de trabalho para os bancários”, ressalta a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira. “São resultados que apontam mais uma vez: as instituições financeiras têm todas as condições de valorizar seus empregados. Cobramos isso diariamente. Apostar no desenvolvimento do país, sim, ampliando o crédito, mas também os empregos no setor.”

Crédito – O banco que apresentou o maior crescimento do trimestre foi realmente o que mais ampliou a carteira de crédito: a Caixa Federal alcançou lucro de R$ 1,3 bilhão entre janeiro e março, elevação de 12,5% em relação ao mesmo período do ano passado. E o volume de crédito na Caixa cresceu 43% em um ano. No BB, a carteira de crédito também subiu (25,6%) com lucro 2,2% maior que o do primeiro trimestre do ano passado.

> Juro baixo alavanca lucro da Caixa Federal
> Trabalho do bancário faz lucro do BB crescer 2,2%

Spread – As medidas do governo contra os altos juros bancários reduziram o spread – diferença entre o que os bancos gastam na captação de dinheiro e quanto eles cobram para emprestar esse dinheiro. Entre março de 2012 e março de 2013, esse indicador caiu 3,6 pontos percentuais, mas continua sendo um dos mais elevados do mundo: 11,7 p.p. enquanto o de países como Argentina e China é de 2,04 p.p. e 3,00 p.p., respectivamente.

Mas os bancos aumentaram os preços dos serviços, das tarifas, e cortaram despesas, inclusive fechando postos de trabalho. Só a Caixa ampliou o número de empregos em 1.480 no primeiro trimestre de 2013. Ou seja, contratou e teve o melhor resultado. Os demais, no entanto, reduziram vagas.

> Bancos privados apostam no corte de pessoal
> Agora, HSBC fala em 14 mil cortes no mundo

O Bradesco apresentou o segundo maior resultado – lucro de R$ 2,9 bi e crescimento de 4,5% em relação ao primeiro trimestre de 2012 –, mas extinguiu 2.300 empregos em um ano. O Itaú viu o lucro crescer 1,3% na comparação com março do ano passado, mas cortou 6.679 postos de trabalho. O Santander, único que apresentou queda no resultado (-14,4% no trimestre), também cortou centenas de vagas. A redução no lucro do banco espanhol explica-se em grande parte pelo aumento da Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) que subiu 8,5%.

> Itaú lucra R$ 3,4 bi e demite 700 no trimestre
> Santander já lucrou R$ 1,5 bilhão no ano
> Bradesco lucra quase R$ 1 bi por mês em 2013

Já o Banco do Brasil, que vinha contratando ao longo de 2012, também diminuiu vagas. Entre janeiro e março, foram 517 postos a menos, devido a aposentadorias, pedidos de demissão ou outros motivos. O BB, apesar do lucro de R$ 2,6 bilhões, não repôs os empregos.

Para a presidenta do Sindicato, já passou da hora de o setor mais lucrativo do país ter responsabilidade social. “Os bancos continuam lucrando em patamares elevados e isso tem de ter um retorno social mais efetivo, com ampliação do crédito e geração de empregos. Esse é um debate importante: instituições financeiras são concessões públicas e têm obrigação de cumprir seu papel social e investir no desenvolvimento do país.”

Leia mais
> Dieese divulga nota sobre sistema financeiro


Andréa Ponte Souza - 21/5/2013

seja socio