São Paulo - Representantes dos bancários participaram da Oficina sobre Violência Organizacional realizada pela Fetec-CUT/SP, na quinta 16, com a presença da psicóloga Renata Paparelli e do Procurador do Trabalho de São Paulo, Luiz Carlos Michele Fabre.
“Assédio organizacional: em busca do enfrentamento” foi o tema da palestra de Renata Paparelli, que reforçou que a organização do trabalho é uma das grandes vilãs no mal do século: doenças de ordem psíquica. Explicou que ritmo, jornada, metas excessivas são formas de organização do trabalho que levam ao assédio moral.
Segundo a psicóloga, os fatores de risco no trabalho bancário não são visíveis como numa fábrica, que tem ruídos altos e riscos iminentes. Os bancos aparentemente são ótimos ambientes de trabalho, onde não se consegue identificar facilmente os perigos, mas por meio de relatos dos trabalhadores, é possível entender o sofrimento bancário. “O movimento sindical está correto em colocar a saúde do trabalhador como bandeira de luta. No ambiente profissional a solidariedade entre os trabalhadores também é muito importante para que o local de trabalho seja saudável”, afirmou Paparelli.
O procurador Luiz Carlos Michele Fabre fez uma exposição sobre “Limites Jurídicos das Metas por Desempenho”, onde ressaltou os problemas causados pela gestão por estresse, ou “straining”, que já é um fenômeno identificado pela comunidade jurídica como prejudicial à saúde do trabalhador. O estresse gerado acompanha as pessoas em sua vida e fora do ambiente de trabalho. “A obrigação em cumprir metas coloca em ‘xeque’ à honra do trabalhador, pois muitas vezes leva a um comportamento antiético, como mentir para vender um produto”, reforça.
Fabre salienta que as metas não devem provocar atitudes ilícitas para seu cumprimento. Também devem ser claras e detalhadas por escrito para todos os envolvidos, além disso, para serem definidas devem ser debatidas nas instâncias de saúde do trabalhador e com representantes dos trabalhadores, conforme a Convenção 155 da OIT (Organização Internacional do Trabalho). “As metas também não podem ser definidas por fatores alheios ao desempenho do trabalhador, como por exemplo, reclamações dos clientes por falhas ou morosidade nos sistemas. E as cobranças e o monitoramento devem ser feitas de forma ética, sem expor ou ridicularizar o trabalhador que não atingiu as metas”, explica.
Os participantes avaliaram a oficina como um momento importante para troca de experiências e atuação dos sindicatos. “A presença dos especialistas agregou muito no conhecimento sobre violência organizacional nas áreas da psicologia e jurídica de todos os presentes. Além disso, conhecer a realidade de outros sindicatos é muito importante para um melhor trabalho nas bases. A Fetec-CUT/SP continuará debatendo o tema e apoiando o trabalho dos sindicatos no combate à violência organizacional”, afirma Adma Gomes, diretora de Saúde da federação cutista.
Juliana Satie, da Fetec-CUT/SP - 16/5/2013
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Debate na Fetec-CUT/SP reuniu a psicóloga Renata Paparelli e o Procurador do Trabalho de São Paulo, Luiz Carlos Michele Fabre.
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