
Nesta sexta-feira, 10 de outubro, é celebrado o Dia Mundial da Saúde Mental, data instituída em 1992 pela World Federation of Mental Health com o objetivo de sensibilizar a sociedade e promover ações concretas para o cuidado com a saúde mental em todo o mundo.
No Brasil, o tema ganha relevância crescente diante de números alarmantes do INSS. Entre 2022 e 2024, os afastamentos do trabalho por transtornos mentais e comportamentais aumentaram mais de 135%, passando de 200.477 casos para 471.259 casos. Em 2022, os transtornos mentais representavam 11% do total de afastamentos dos brasileiros e, em 2024, passaram a representar 14%.
Dentro do setor bancário, o quadro também é grave. Em 2022, foram registrados 7.264 afastamentos por transtornos mentais e comportamentais. Já em 2024, o número dobrou, subindo para 14.565 afastamentos. Em 2022, os transtornos mentais representavam 43% dos afastamentos dos bancários e, em 2024, passaram a ser 52,90% do total.
O crescimento de 100,5% apresentado acima reforça o impacto de um modelo de gestão baseado em metas abusivas, cobranças excessivas, assédio moral e insegurança profissional. Historicamente, esses fatores têm contribuído para o adoecimento da categoria bancária.
Categoria em alerta

Na Secretaria de Saúde do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, o aumento da demanda relacionada à saúde mental é evidente. Em 2024, foram realizados 2.361 atendimentos e, apenas entre janeiro e setembro de 2025, já foram 2.221, sendo que 80% deles estão relacionados a problemas de saúde mental.
Para Valeska Pincovai, secretária de Saúde do Sindicato e bancária do Itaú, a data é um momento para reflexão sobre esses números e fortalecimento da luta coletiva. A dirigente destaca que a prevenção deve ser prioridade, especialmente em locais onde já houve afastamentos. Segundo ela, os bancos precisam assumir sua responsabilidade e desenvolver, em conjunto com os sindicatos e trabalhadores, programas eficazes de acolhimento e prevenção das doenças psíquicas.
“A categoria bancária é uma das mais acometidas por problemas de saúde mental. O assédio moral e as metas abusivas são práticas presentes no dia a dia do trabalhador bancário. Neste dia, é fundamental reforçar que qualquer sintoma deve ser levado a um atendimento especializado. Os trabalhadores precisam denunciar no Canal de Denúncias do Sindicato e não sofrer calados, para coibir comportamentos abusivos nos locais de trabalho.”
Valeska Pincovai
A dirigente lembra ainda que a nova Norma Regulamentadora nº 1 (NR1), que obriga as empresas a identificarem e gerirem riscos psicossociais, pode representar um avanço importante, desde que construída com a participação dos sindicatos, das CIPAs e dos próprios trabalhadores.
