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Empregados da Caixa marcam espaço em negociação

Linha fina
Bancários criticam metas individuais, o não pagamento de hora extra, problemas na gestão do estágio probatório e deficiências na segurança
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São Paulo – Trabalhadores da Caixa defenderam direitos dos empregados, na mesa de negociação permanente realizada na quarta-feira 28. Gestão de desempenho, pagamento integral de horas extras e problemas na avaliação dos que ainda estão no período probatório foram alguns dos assuntos debatidos entre representantes dos trabalhadores e da instituição.

Os empregados marcaram posição sobre diversos assuntos. Os encontros são periódicos e a negociação é permanente. A mesa anterior foi em 16 de abril, com representantes de trabalhadores de todo o país.

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Metas individuais – Um dos pontos mais problemáticos na visão dos trabalhadores é o projeto da Caixa de implantar uma nova forma de gestão de desempenho para todos os funcionários, até 2016.

“Se trata de uma cobrança individual de desempenho, como se fosse uma meta individual, que aumentará a competitividade entre os trabalhadores, causando mais adoecimento e maior isolamento”, explica o integrante da Comissão Executiva dos empregados Dionísio Reis.

Para ele, se implantado, trará inúmeras consequências perversas para o ambiente de trabalho: “Como empresa pública, a Caixa não deveria pensar só em resultados. O novo projeto de avaliação por desempenho individual vai fazer os trabalhadores perderem o senso de coletivo. Isso não é saudável e se constitui em um ataque ao ambiente do trabalho”, afirma.

O banco pretende que no segundo semestre todos os gerentes de unidade estejam abarcados pelo programa, todos os gestores até 2015 e todos os empregados até 2016.

Horas extras – Em agências com até 15 funcionários, as horas extras devem ser pagas 100%, e não compensadas, conforme manda o acordo coletivo específico. Mas a Caixa tem descumprido o acordo, pois os trabalhadores dessas agências estão sendo forçados a compensar as horas trabalhadas, batendo o ponto.

“Esse é um direito que deve ser preservado já que os trabalhadores não deveriam fazer horas extras além da sua jornada, pois a instituição financeira tem de contratar mais. Cobramos o cumprimento do acordo”, afirma Dionísio.

Contratações – O balanço divulgado pela Caixa mostrou que o número de empregados cresceu 5,2% em um ano, passando de 94.406 mil para 99.299 mil, em março de 2014. Entretanto, o aumento de 4.893 postos, em 12 meses, não trouxe reflexos em termos de redução de ritmo e volume de trabalho nas agências.

Segundo Dionísio, os representantes da Caixa informaram na mesa que, de janeiro até agora, foram contratados 1.798 empregados, com desligamentos de 435, em todo o Brasil.

“Todos sabem que há sobrecarga de trabalho e que o atendimento demora. A solução é contratar mais. Queremos mais empregados por setor”, reivindica o dirigente.

Mais segurança – Outra reivindicação dos trabalhadores foi por mais segurança. Entre as medidas propostas pelos empregados estão o fechamento imediato das agências caso a porta giratória apresente mau funcionamento, e que os trabalhadores das unidades onde há explosão de máquinas de autoatendimento recebam o mesmo tratamento dado nas agências assaltadas.

“Pressionamos para que a Caixa adote o procedimento de imediato fechamento das agências caso a porta giratória estrague. Hoje, pelo contrato, a empresa de manutenção tem até quatro horas para consertar. Mas os trabalhadores não podem esperar.”

De acordo com o dirigente, o banco deixa a agência funcionando com detector de metal manual e segurança. “Não podemos aceitar isso, é como uma flexibilização da segurança. Ao contrário do que o representante da Caixa falou, a porta giratória não é um dos elementos de segurança. Ela é o elemento fundamental para a defesa das vidas de todos que estão ali, trabalhadores e clientes”, afirma.

Com relação a unidades que tiveram autoatendimento destruído durante a noite, os trabalhadores reivindicaram apoio psicológico para os empregados e não abertura da agência, caso esteja sem condições.

Estágio probatório – Quando entra no banco, o novo bancário – que mal aprendeu a mexer no sistema – já é obrigado a vender produtos, que também não conhece. “A gente repudia a submissão da gestão de recursos humanos à gestão de resultados”, afirma o dirigente.

Segundo dados apresentados pela instituição financeira, foi 16 o número de desligados em período de experiência, em 2014. Representantes da Caixa disseram que o banco está a par da reivindicação e que estudam meios de melhorar o processo.


Mariana Castro Alves – 29/5/2014

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