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Interior cria mais vaga que regiões metropolitanas

Linha fina
Dieese aponta como principal fator para esse deslocamento a melhoria da qualidade de vida nessas cidades, fato ligado às políticas públicas implementadas pelo governo federal
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São Paulo – Diversos indicadores de pesquisa de emprego e desemprego vêm mostrando que o emprego continua crescendo no país, ainda que em ritmo menor do que nos anos anteriores. Apesar disso, a taxa de desemprego tem se mantido baixa em função da estabilidade da população economicamente ativa (PEA). Mas o que tem chamado a atenção, segundo a economista do Dieese Patrícia Pelatieri, comentarista da Rádio Brasil Atual, é que existe uma mudança na configuração espacial do mercado de trabalho.

> Áudio: ouça a reportagem realizada pela Rádio Brasil Atual

Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, indicam que a participação do interior (cidades com 200 mil habitantes em média) na criação de emprego com carteira assinada vem crescendo muito nos últimos anos. "Mas 2013 foi o primeiro ano em que o interior ultrapassou as grandes regiões metropolitanas, chegando ao crescimento de 12 pontos percentuais em relação a 2012", diz Patrícia. Segundo ela, os dados podem até estar subdimensionados já que o Caged registra apenas o emprego formal sem considerar o emprego público. "Portanto, os números de ocupação podem ser ainda maiores", destaca.

Dentre os cinco setores empregadores, quatro se destacaram nas cidades interioranas, a indústria, a construção, o comércio e os serviços apresentaram melhor desempenho no interior do país. "Tudo nos leva a crer que existe uma transição do eixo de desenvolvimento do país”, disse Patrícia. Nos últimos anos, esse eixo estava se deslocando do Sul e Sudeste para o Norte e Nordeste, e Centro-Oeste, e agora, das capitais para o interior.

O Dieese aponta como principal fator para esse deslocamento a melhoria da qualidade de vida nessas cidades, que está ligada às políticas públicas implementadas pelo governo nos últimos anos com relação à valorização do salário mínimo - que tem peso maior no interior - aumenta o poder de consumo das famílias, o que impulsionou as economias locais a abrir postos de trabalho. Esse desenvolvimento econômico é chamado de efeito positivo da roda do desenvolvimento. Além disso, os programas de infraestrutura implementados pelo governo federal no interior também impulsionaram esse crescimento.

“O programa Minha Casa, Minha Vida é um grande indutor do desenvolvimento, incentivando a indústria da construção e também a geração na área de serviços urbanos e serviços para a construção”, explica a diretora executiva do Dieese. Os incentivos fiscais também atraem as empresas para o interior. Segundo Patrícia, muitas plantas industriais estão sendo projetadas no interior de Minas e São Paulo por redução de custos.

Do ponto de vista do trabalho, vem crescendo o deslocamento ou retorno para essas regiões pela busca por melhoria na qualidade de vida. A saturação de grandes centros e capitais brasileiras implicam dificuldade de deslocamento do trabalho para casa e da casa para o trabalho, o que afeta diretamente na qualidade de vida e a produtividade do trabalhador.

"Não é à toa que a pauta das centrais sindicais inclui a redução de jornada. Justamente por conta do tempo que o trabalhador perde nos seus deslocamentos é que precisamos de uma jornada menor", defende.


Rede Brasil Atual - 14/05/2014

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