São Paulo – Da noite para o dia, a vida de uma bancária vira de cabeça para baixo. Funcionária do Itaú há cerca de nove anos, sua carreira foi cheia de boas avaliações, promoção e transferências para melhorar o Agir de agências. Até ser surpreendida por um gerente de outra unidade, que nunca havia trabalhado com ela, com uma carta de demissão, sem qualquer justificativa.
A funcionária desligada não recebe um feedback desde outubro do ano passado e não teve nenhum treinamento para exercer a nova função. “Ela executava o serviço de gerente operacional, cargo superior ao seu, e como não teve tempo para o aprendizado da sua nova função, foi punida com a carta de demissão”, conta a diretora do Sindicato Márcia Basqueira.
Mesmo acumulando funções e sendo ótima funcionária, segundo outros colegas, a bancária foi dispensada. “É desta forma que o Itaú valoriza seus trabalhadores? Todos que a conhecem estão chocados com a atitude. A bancária era um exemplo a ser seguido, não tinham do que reclamar”, acrescenta a dirigente sindical.
Protesto – Contra a dispensa da trabalhadora, o Sindicato protestou nesta quinta-feira 22 em frente a uma agência na zona norte, que possui cerca de 20 funcionários. “Mais uma vez instalamos o Portal do Inferno em frente a uma unidade do banco, pois é o que representa esse pesadelo de não saber se o emprego estará garantido no dia seguinte. A nossa promessa de realizar protestos como esse a cada demissão do Itaú continua e estamos cumprindo”, ressalta Márcia.
> Com demissões, Itaú é o inferno para trabalhadores
Só propaganda – “Faltando poucos dias para a Copa do Mundo no Brasil, o Itaú, um dos patrocinadores do evento, não bate um bolão quando o assunto é valorizar seus funcionários”, opina Márcia Basqueira. O banco investe pesado em propagandas de TV. Uma série de vídeos sobre torcedores leva o nome “brasileiros de coração”. Márcia critica o distanciamento do que o banco investe em publicidade com o que proporciona aos seus funcionários.
“Todos acham lindo e comovente mostrar a paixão dos brasileiros pelo futebol. Mas valorizar seus trabalhadores, que também exercem suas atividades com paixão, dedicação, que fazem de tudo para cumprir as metas e trabalhar o Agir, está bem longe da realidade. Obviamente não é de interesse do banco mostrar que foram extintos 2.759 postos de trabalho em 12 meses, mas a sociedade precisa saber dessas dispensas imotivadas”, destaca a dirigente.
Para Márcia, “há falhas na gestão de pessoas e também faltam condições de trabalho nas agências do Itaú.” A situação foi exposta ao banco por meio de um e-mail enviado na quarta-feira 21, solicitando que a dispensa da bancária na zona norte seja revista.
Gisele Coutinho – 22/5/2014
