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Na pressão, Itaú terá ambulatórios assistenciais

Linha fina
Trabalhadores conquistam ambulatórios para atendimento de especialidades nos centros administrativos Ceic, CT, CAT e ITM, após protestos contra gestão de saúde do banco
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São Paulo – A saúde ocupacional no Itaú não vai nada bem, mas os trabalhadores começam a ver alguns avanços, resultantes de lutas por melhorias.

Com a pressão da organização e após diversos protestos dos bancários, o banco assumiu o compromisso de implantar ambulatórios assistenciais, com atendimento de diferentes especialidades, em quatro centros administrativos: Ceic, CT (antigo CTO, na Mooca), CAT e ITM. Todos os trabalhadores, de diferentes polos, poderão ser atendidos. A medida foi anunciada pelo banco em reunião com representantes do Sindicato, na terça-feira 13.

A conquista veio do inconformismo dos trabalhadores com o fechamento de ambulatórios dos centros administrativos Teodoro e Vila Mariana. Com manifestações contrárias ao fim do serviço, o Itaú – que se recusou a reabrir os ambulatórios – acabou cedendo e se responsabilizando em implantar os quatro centros de atendimento.

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Serviços – Outra vitória dos trabalhadores foi o compromisso do Itaú de manter uma ambulância fixa, por 12 horas, no CA Raposo, CEIC, CT (Mooca) e ITM. O banco já é atendido por prestadora de serviços que garante ambulância caso haja necessidade, porém o Sindicato continua a reivindicar carros fixos em todos os polos.

Representantes da instituição também afirmaram que o banco vai tentar ampliar convênios com hospitais próximos aos centros administrativos da Teodoro e Vila Mariana – por exemplo, com o hospital Itamaraty próximo ao CA da Teodoro – e continuará a promover a realização interna de exames periódicos, vacinação e cursos de primeiros socorros.

Além disso, a direção do banco ficou de elaborar um roteiro de emergência que esclareça o procedimento que os funcionários devem tomar caso um colega passe mal, de disponibilizar kits de primeiros socorros, de fixar adesivos com números de emergência em todos os aparelhos de telefone e ainda de manter serviço de ambulância à disposição.

Dirigentes sindicais solicitaram também enfermeiros nos locais e telefones afixados nas paredes para acionar bombeiros, mas representantes do banco não concordaram em manter um profissional nos locais. Entretanto, com relação ao telefone, prometeram verificar junto à administração predial.

Atestados – Os trabalhadores denunciaram ao Sindicato que o Itaú estabeleceu o dever de apresentação de atestados em 48 horas, sob pena de falta injustificada, em todos os casos. Representantes do banco afirmaram que se trata de uma indicação "flexível" no caso do funcionário não poder entregar atestado e não ter quem o leve.

Outra reclamação dos bancários é a obrigação de passar por um médico do trabalho em casos de afastamento por mais de cinco dias. De acordo com o banco, o médico do trabalho, contratado pelo Itaú, não irá contestar atestados, mas só orientar, pois se trataria de um "programa de prevenção".

Segundo a dirigente sindical Valeska Pincovai, o trabalhador deve denunciar qualquer problema: "Os relatos dos bancários é de que se trata de uma política de saúde do Itaú que mapeia e persegue os trabalhadores, que adoecem por conta das metas abusivas e da pressão. O Sindicato foi para rua protestar e teve conquistas, como comprometimento do banco em implantar ambulatórios assistenciais. A gente quer ver um programa de prevenção funcionando e o trabalhador deve entrar em contato e denunciar."

Fechamento de balcão – Outro problema enfrentado é reflexo do encerramento de atendimento de afastados no CA da Praça Patriarca, no centro da capital. O recebimento e encaminhamento de documentos de licenciados ficaram a cargo dos gestores imediatos, sem tempo e sem orientação para atender os adoentados da instituição.

“O banco está colocando na mão dos gestores, preocupados com metas e reuniões, questões burocráticas de recepção de atestados e justificativas no ponto eletrônico. Todo o processo ficou complicado e moroso porque, por exemplo, para saber a data da perícia o trabalhador precisa ir mais de uma vez à agência. Sem orientação, muitos ficaram em casa e chegaram a receber telegramas de abandono de emprego”, conta o diretor executivo do Sindicato Carlos Damarindo.

“Continuamos contrários ao fechamento do balcão e estamos reivindicando que o banco pare e dê um treinamento adequado para que os afastados não sejam prejudicados”, afirma a dirigente Valeska Pincovai.

Descredenciamento de médicos – Outra grave denúncia feita pelos trabalhadores ao Sindicato é que os médicos que estão reconhecendo as doenças estão sendo descredenciados pelo convênio de saúde do Itaú.

Questionada, a Porto Seguro, gestora do convênio, alega que o descredenciamento de profissionais ocorre por vontade própria dos médicos, segundo representantes do banco.
“Se um programa de prevenção que atenda efetivamente o trabalhador não sair do papel e se o Itaú continuar a desrespeitar os funcionários, a gente volta a realizar atos e paralisações para lutar por melhores condições de trabalho”, afirma Valeska.


Mariana Castro Alves – 14/5/2014

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