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Call center é um dos alvos de terceirização

Linha fina
Bancários ex-terceirizados não querem voltar ao passado de injustiças em prestadoras de serviços de bancos, mas maiores empresários de call center defendem projeto de lei para fugir de ações trabalhistas
Imagem Destaque

São Paulo – Trabalho de bancário realizado por terceirizados. O Sindicato sempre lutou para combater essa prática, mas a precarização é uma ameaça à vida de bancários, clientes e trabalhadores que desejam entrar para a categoria bancária. O retrocesso só pode ser combatido com luta. O Projeto de Lei da 4330 regulamenta a terceirização da atividade-fim e já foi aprovado pela Câmara dos Deputados, por parlamentares eleitos pelo povo, mas que defendem somente empresários. Agora, como PLC 30/2015, está em debate no Senado. O movimento sindical luta para frear sua aprovação.

Os bancários já dão os primeiros passos para a Campanha Nacional Unificada 2015 e o assunto está na pauta: dia 29, sexta-feira, é dia de paralisação nacional contra a precarização e a categoria vai parar.

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Enquanto a luta dos trabalhadores se intensifica, empresários agem do outro lado para aumentar seus lucros a partir da retirada de direitos dos trabalhadores. Entre eles, estão os do setor de call center, que falam sobre o “impulso” que a aprovação do chamado PL da Terceirização pode proporcionar. Em entrevista ao jornal Valor, os maiores representantes no setor – e prestadores de serviços para instituições financeiras – Contax, Atento e AeC querem sair do que chamam de “ambiente de incertezas jurídicas”, uma vez que milhares de ex-funcionários de call center processam os empregadores por entenderem que deveriam ter sido remunerados como contratados diretos. Somente a AeC conta com 10 mil ações envolvendo o entendimento.

A Atento comentou ao Valor deixando claro que a preocupação da empresa é somente com a economia e não com seus funcionários: “Esses processos elevam os custos das organizações”.

Antes de entrar para a categoria bancária, um trabalhador que opta por manter o anonimato estava prestes a também acionar a Justiça pelo mesmo motivo. “Pensei em processar o banco. Eu tinha todas as provas que fazia serviço de bancário no Grupo Scor. Eu fazia exatamente o trabalho de uma pessoa contratada diretamente pelo Santander. Só mudava o tratamento e o pagamento. Eu era subordinado diretamente a um gestor do banco. Recebi muitas cobranças e também elogios em reuniões do gestor, que era bancário”, revela.

Outro ex-terceirizado conseguiu trabalho como bancário pela sua experiência na área, pois pelas atividades que executava deveria ser da categoria. “Trabalhei para a Contax prestando serviços para o Santander. Atendia pelo Internet Banking e tínhamos acesso aos dados dos clientes. As condições eram precárias. Tinha que escolher entre vale alimentação e refeição e o valor era muito abaixo do que recebiam os bancários”, conta. “Hoje faço debates ferrenhos com colegas de trabalho sobre o projeto da terceirização. Acompanho a tramitação e sou contra”, revela.

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A diretora executiva do Sindicato e funcionária do Santander Maria Rosani convoca os bancários. “É preciso se conscientizar que sem luta não há avanços. Dia 29 é dia de cruzar os braços e pressionar o empregador. Sem luta não conseguimos nem mesmo manter o que já foi conquistado. Um exemplo de avanço é o acordo coletivo aditivo de trabalho específico para bancários de call center do Santander. É uma conquista e quem trabalha nesse setor do banco precisa estar bem informado, pois antes desse documento, era comum a instituição financeira não conceder nem mesmo as pausas para trabalhadores irem ao banheiro, garantidas na NR-17”.

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A dirigente ressalta que o pretexto dos empresários é dizer que com a regulamentação da terceirização haverá garantia para os trabalhadores e maior cobrança das empresas contratantes da mão de obra. “Isso é uma inverdade vendida pela grande mídia e por empresários. As empresas já são obrigadas a se responsabilizar solidariamente quando contratam uma terceira. O projeto de lei precariza e retira direitos conquistados da categoria, como o acordo específico para o call center, VA e VR, licença-maternidade entre outros. Além, é claro, da participação nos lucros”, finaliza.

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Gisele Coutinho – 22/5/2015
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