São Paulo - O presidente da CUT, Vagner Freitas, reforçou em entrevista ao site da Central que o principal motivo do OcupaBrasília na quarta 24 é pressionar a classe política brasileira para enterrar definitivamente as reformas trabalhista e da Previdência que, na prática, acabam com os direitos dos trabalhadores e com a aposentadoria pública. Freitas também destacou a necessidade, nesse contexto, das Diretas Já caso se confirme a saída de Temer da Presidência da República por conta da divulgação de áudio da conversa com o presidente da JBS.
"As manifestações são focadas na proposta do governo das reformas trabalhista e Previdenciária. Esse é o ponto central dos atos do dia 24. Claro, também iremos defender as Diretas Já, o Fora Temer e a Assembleia Nacional Constituinte. Mas o que dá unidade a esses protestos é a questão da retirada das propostas."
Ele explica por que a resistência às reformas passa por eleições diretas. "O motivo de uma parcela da direita brasileira, junto com a mídia, de querer colocar e agora tirar o Temer é pura e simplesmente para fazer reformas", diz, acrescentando que o fim do governo está ocorrendo justamente porque Temer "não tem condições de entregar o produto, fazer as reformas. E quer colocar no lugar dele qualquer um que seja, de maneira indireta, que venha a fazê-las".
"Se consegue colocar o Temer para fora, mas adotam a eleição indireta, as reformas trabalhista e da Previdência passam", resume. "Por isso as reformas e as Diretas Já estão absolutamente juntas", acrescenta. "Temos que estar em luta até alcançarmos as eleições diretas, porque é a chance que temos de eleger presidente e um Congresso Nacional que não seja aliado a quem quer fazer as reformas."
Freitas entende que os financiadores do golpe decidiram optar por alguém com mais popularidade (segundo pesquisa Datafolha de março deste ano, Temer é rejeitado por 55% dos brasileiros) e blindagem superior. Portanto, explica, é mais provável que a escolha no caso da queda de Temer não seja pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ou do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), mas mire a ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia, que se reuniu no início de maio com empresários para discutir reformas.
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"O dia 24 não é o fim de uma trajetória, mas dá continuidade à nossa luta. Fizemos uma grande greve geral, os atos de domingo foram bons e o dia 24 já tinha sido chamado antes mesmo da gravação da JBS comprometendo o Temer", acrescenta.
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Nova greve geral – O presidente da CUT reafirma a possibilidade de uma nova greve geral no país. "É atrelada às reformas. Fizemos dia 28 e podemos fazer outra porque estamos dizendo que não vamos aceitar o ataque aos direitos trabalhistas e à aposentadoria".
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Sobre o caminho mais viável para eleições diretas, é taxativo: "O primeiro artigo da Constituição diz que o poder emana do povo e em nome dele deve ser exercido. E o povo quer votar. Há uma proposta do deputado Miro Teixeira que defende esse caminho, do voto popular".
Vagner finaliza ressaltando a necessidade de o país sair da atual crise. "O Brasil precisa ter uma luz no fim do túnel, o país precisa voltar a crescer, ter desenvolvimento, parar o desemprego, parar essa bandalheira política", diz. "A única forma de voltarmos à normalidade política é com um governo que tenha credibilidade e legitimidade. Para isso precisa ser eleito e precisa também fazer a eleição de um novo Congresso Nacional. Porque não adianta fazer a eleição do presidente da República no Congresso que está aí. Nossa proposta é eleição geral e Constituinte para fazer a reforma política".