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Chapéu
Vai ter luta!

Fora Temer e Diretas Já marcaram jornada de protestos no domingo

Linha fina
Nem a chuva que caiu sobre São Paulo foi suficiente para desanimar participação nos atos pela saída de Temer e realização de eleições diretas. Povo foi às ruas em todo o país também contra a retirada de direitos via reformas trabalhista e da Previdência
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Foto: Roberto Parizotti / CUT

São Paulo - A chuva forte e insistente que caiu durante todo o domingo 21, na capital paulista. foi oposição vencida nesse domingo de atos para exigir a saída do presidente Michel Temer (PMDB), a realização de eleições diretas já e rechaçar as propostas de reformas trabalhistas e da Previdência defendidas pelo Palácio do Planalto e pelo empresariado, além de setores da mídia. A reportagem é da Rede Brasil Atual.

Só na avenida Paulista, mais de 20 mil pessoas compareceram ao ato convocado pelas pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, integradas com centrais sindicais e o apoio de quase uma centena de movimentos sociais. 

O presidente da CUT, Vagner Freitas, destacou a união de milhares de jovens, homens, mulheres, no campo e nas cidades, indo às ruas para reivindicar Diretas Já e a imediata retirada das propostas de reformas da Previdência e trabalhista. 

Freitas destacou o papel da Globo no episódio da delação de empresários da JBS, na qual Temer está diretamente envolvido.

“Por que vocês acham que a famigerada Globo quer tirar o Temer? Porque ela botou o Temer. Quem botou, acha que tem o direito de tirar. Vocês acham que a Globo tem interesse de defender o direito dos trabalhadores? O que a Globo quer é tirar o Temer porque ele não consegue entregar o produto, não consegue fazer as reformas. Querem tirar o Temer e, de maneira indireta, colocar outro golpista igual a ele para fazer as reformas, para acabar com a sua aposentadoria, com a sua carteira assinada e destruir o Brasil.”

O dirigente ressaltou ainda que os trabalhadores não vão aceitar desrespeito. "O povo quer votar. O povo brasileiro é o dono deste país. Não é a Globo. Queremos votar para presidente, para deputado, para senador. Fica claro que a população brasileira não aceita também as reformas.”

O coordenador da Central de Movimentos Populares e da Frente Brasil Popular, Raimundo Bonfim, destacou mais uma tentativa em curso de "rasgar a Constituição". “Eles agora estão com o argumento de que não pode alterar a Constituição. Ora, para rasgar a Constituição Brasileira e dar um golpe na presidenta Dilma, eles fizeram. Para retirar direitos trabalhistas e alterar a CLT, eles rasgam a Constituição. Para aprovar a reforma da Previdência, eles rasgam a Constituição. Então alterem a Constituição para dar direito ao povo de escolher o presidente da República”, disse.

Bonfim ainda mandou recado para os setores conservadores. “Eles querem eleições indiretas para acabar com nossos direitos, nossa aposentadoria. A direita está dividida, mas unida para acabar com nossos direitos. Eles que coloquem as barbas de molho porque o povo está unido por Diretas Já. Não vamos aceitar nenhuma saída que não seja pelo povo em eleições diretas, livres e democráticas.”

O coordenador geral do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, disse que jamais imaginou ver o governo Temer ruir em prazo tão curto. “Não esperávamos que é apenas um ano esse golpe desse tantos frutos. Pensamos que veríamos a verdade nos livros de história, mas em um ano o golpe ruiu e o governo Temer está em ruínas. Agora, este governo que já não tinha legitimidade, perdeu a condição política de governar. É engraçado ver Temer na TV falando em conspiração. Logo ele que conspirou nos corredores de Brasília. Não tem moral nenhuma para isso.” 

Rodrigo Maia 'escrachado' - Ao longo do dia, o povo foi às ruas no Distrito Federal, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia, Belém, Natal, Porto Alegre, Teresina, Salvador e entre outras cidades.

No Rio, cerca de cinco mil manifestantes se reuniram em frente à casa do presidente da Câmara (foto), o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ). Como presidente da Casa, Maia tem a prerrogativa de acatar ou não pedidos de impeachment de Temer.

Foto: Midia Ninja


Os manifestantes se concentraram nas imediações da favela da Rocinha e caminharam pela praia de São Conrado até a residência de Maia, onde realizaram um "escracho simbólico" contra o deputado, um dos apoiadores de Temer. "Olé, olé, olá, diretas já", "É o povo que tem que decidir", gritavam. A Rede Globo também foi alvo do protesto. "Eles (Globo) agora querem tirar o Temer para colocar o Meirelles, e não para atender aos interesses do povo", afirmou um dos presentes. Os manifestantes também acusaram Maia de agir para a celeridade na tramitação das reformas pretendidas pelo governo Temer e pelo empresariado.

O protesto também exigiu a rápida tramitação de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que autoriza a convocação de eleições diretas, além de se colocarem contra a possibilidade de Maia, investigado na Lava Jato, a assumir provisoriamente a Presidência.

Pela manhã, houve manifestação na Praia de Copacabana convocado pelo Movimento Unificado dos Servidores Públicos do Estado (Muspe), que pediram, além da saída de Temer, o pagamento de salários atrasados. Eles protestaram contra o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ), o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo, a quem identificam como responsáveis pela crise financeira que afeta o estado.

Pelo Brasil - Como no resto do país, em Brasília o vermelho tomou conta dos manifestantes que se reuniram em frente ao Museu da República para pedir a saída de Temer e a suspensão das reformas.

“Um protesto não inviabiliza outro, está tudo relacionado. Queremos um país melhor, com garantia de conquistas obtidas a muito custo e tirar esse usurpador de onde está”, disse o professor Sanelvo Almeida, da rede pública de ensino do Distrito Federal, referindo-se a Temer.

A manifestação de Brasília foi marcada, em sua maior parte, pela participação de servidores públicos, estudantes e profissionais liberais, bem como integrantes de sindicatos e centrais sindicais, além de movimentos como o Levante Popular da Juventude.

“Passamos por muita coisa no país para conquistar o direito de eleger um presidente e não podemos permitir que depois de o Palácio do Planalto ter sido ocupado por um presidente ilegítimo, o seu sucessor seja escolhido de forma indireta, mesmo que por um mandato de pouco tempo. Já vimos este filme e sabemos que ele não acaba bem”, disse o analista de sistemas Jefferson Rodrigues, que levou dois filhos adolescentes para participar dos protestos.

Ainda pela manhã, cerca de 2 mil pessoas ocuparam as ruas do centro de Natal, no Rio Grande do Norte, e se manifestaram contra os cortes nas aposentadorias e nos direitos trabalhistas propostos pelo atual governo. Na região centro-oeste, manifestantes também foram às ruas pelas diretas já, em Cuiabá, no Mato Grosso, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, e também em Goiânia, capital do estado de Goiás. 

Na capital mineira, a manifestação começou pela manhã na praça da Liberdade, região central da cidade. De acordo com a organização, foram cerca de 50 mil pessoas. Além de pedir a saída do presidente, os participantes, que caminharam até a praça Sete de Setembro, também ressaltaram o envolvimento de Aécio Neves (PSDB-MG). O senador mineiro é acusado de receber propina da empresa JBS, que seria utilizada para o pagamento da sua defesa das acusações na Lava Jato. Houve atos ainda nas cidades de Juiz de Fora e Uberlândia e Ipatinga.

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