Trabalhadores mobilizados deram mais uma demonstração de força contra as privatizações, nesta terça-feira 28. Metroviários, ferroviários, professores da rede estadual pública, trabalhadores da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e parte do funcionalismo público paulista, fizeram uma paralisação unificada, por 24 horas, em São Paulo.
Em mais uma atitude covarde e antissindical, o governador Tarcísio de Freitas entrou com uma ação na Justiça para impedir a realização da paralisação e o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) determinou, em decisão divulgada no começo da tarde desta segunda-feira, que 80% dos funcionários da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) deveriam trabalhar no horário de pico (das 6h às 9h e das 16h às 19h), e 60% do efetivo nos demais períodos. Os metroviários reafirmaram o direito de greve e a alternativa proposta pelo sindicato seria a catraca livre, mas o governador de São Paulo negou a proposta e alegou que há "questões orçamentárias e de segurança" para o veto à proposta.
A proposta de catraca livre não é novidade em momentos de mobilização dos trabalhadores do transporte público em São Paulo. Em março, o próprio Tarcísio chegou a publicar em redes sociais a autorização para que o sistema funcionasse sem a cobrança de bilhetes, mas depois recuou.
A multa diária estipulada para o sindicato dos metroviários, em caso de não cumprimento da decisão, foi de R$ 700 mil e da CPTM de R$ 600 mil.
Importante destacar que o artigo 9º da Constituição prevê o direito de greve dos trabalhadores nos momentos e pelos motivos que julgarem necessários. E a luta contra a privatização também tem uma motivação trabalhista, porque os empregos são extremamente ameaçados, e há uma piora evidente na qualidade dos serviços para a população.
O que realmente causa prejuízo para a sociedade são os contratos de concessão, que permitem a retirada de dinheiro público das empresas públicas de metrô e trem para ser entregue às linhas privatizadas. Dados obtidos pelo UOL revelam que os repasses do Bilhete Único (BU), em 2022, foram quatro vezes maiores para as concessionárias do que para Metrô e CPTM.
O BU é a principal fonte de receita tarifária para as operadoras desse tipo de transporte. No ano passado, o valor total arrecadado chegou a R$ 7 bilhões. Só que, pelos contratos, as concessionárias levam vantagem na hora de sacar sua fatia desse bolo. Metrô e CPTM vêm por último e têm ficado, literalmente, com as sobras. E com o aumento no número de reclamações dos usuários pelo péssimo serviço.