A Caixa fará na quarta-feira 16, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, uma megafesta para 6 mil funcionários. A maioria viajará para a Capital Federal com tudo pago pelo banco.
O evento ocorrerá pouco tempo após o anúncio do Programa Eficiência, lançado em 19 de abril, que pretende reduzir as despesas operacionais em R$ 2,5 bilhões até 2019. E durante uma série de ataques desrespeitosos aos empregados e ao banco por parte do governo ilegítimo de Temer.
Segundo reportagem publicada na quinta-feira 10, pelo jornal Folha de S.Paulo, a Caixa mantém em sigilo os custos do evento, bem como os valores dos cachês pagos aos convidados, entre eles o ex-jogador Cafu, o narrador Galvão Bueno e o cantor Saulo, ex-banda Eva. Em nota enviada ao jornal, contudo, o banco informou que os custos do evento ficarão “bem abaixo” de R$ 25 milhões.
Outra temeridade é a possível presença no evento de Michel Temer. De acordo com a Folha, ele foi convidado, mas ainda não confirmou presença. Esse convite foi descartado pelo presidente da Caixa, Nelson de Souza, em encontro com dirigentes do Sindicato e da Apcef no dia 7 de maio.
Naquela ocasião, o presidente do banco garantiu, citando principalmente funcionários dos rincões do país, que o intuito da festa era “valorizar as pessoas”.
“É um evento que vai ficar bem caro, justamente num momento de reestruturação do banco, de falta de respeito com as pessoas. Essa questão de levar o Temer, cabo eleitoral de Henrique Meirelles, que quer a todo custo privatizar a Caixa, contrapõe o discurso do presidente do banco, que garantiu a Caixa 100% Pública no nosso último encontro”, ressalta Dionísio Reis, diretor executivo do Sindicato e coordenador da CEE/ Caixa, que ainda questiona a exposição do banco na imprensa com um evento dessa magnitude.
Megaevento Paradoxal
A festa milionária contraria um cenário de contenção de gastos e precarização nas agências da Caixa. O relato abaixo foi feito a dirigentes por um gerente que trabalha numa das unidades da base do Sindicato. Ele contesta, principalmente, os custos envolvidos no megaevento, em contraste à realidade árdua dos empregados.
“Num cenário de contenção de gastos e equipes reduzidas, um megaevento se torna paradoxal à realidade em que vivemos. Lutamos todos os dias para recuperar prejuízos. O nosso foco é aumentar a receita de prestação de serviços e cortar despesas. Ao mesmo tempo, a situação se mostra tão extrema que em cursos da UCC (Universidade Corporativa Caixa), além de não termos disponibilizados papel, caneta e café, somos orientados a usar o mesmo copo descartável o dia inteiro. Nas unidades, o papel higiênico é da pior qualidade. A incoerência é grande demais para o momento que vivemos. Penso nos colegas que estão a centenas de quilômetros de um aeroporto. Em toda a logística que precisarão fazer. Penso em todos os custos envolvidos. Passagens, hotéis, táxis, ajuda de custo, substituições nas unidades, enfim. Para quê?”