A direção da Caixa Econômica Federal pretendente anunciar uma nova reestruturação do banco na segunda-feira 3. Desta vez, todos os bancários sem função da matriz e filiais, vinculados a algumas vice presidências, o que corresponde a um pouco mais de 800 trabalhadores, serão transferidos para agências. A medida tomada unilateralmente, sem debate com o movimento sindical, não resolve a carência de pessoal nas agências e pode, junto com o Plano de Demissão Voluntária (PDV), criar uma sobrecarga maior nas áreas meio.
Dezenas de empregados Caixa entraram em contato com sindicatos e federações para relatar o clima de insegurança nas unidades do banco. “Essa situação está causando pavor entre os trabalhadores da matriz e filiais. Isso é um desrespeito com os empregados da Caixa que estão sem saber para onde serão transferidos e com seus nomes já constando em listas. Isso é mais uma pressão para obrigar as pessoas a saírem no PDV? Não se faz uma política de recursos humanos dessa forma”, ressalta o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), Jair Ferreira.
O coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa) e diretor do Sindicato, Dionísio Reis, reforça que não houve qualquer debate. “Cobramos respeito aos trabalhadores e às suas vidas. Não podemos admitir que medidas dessa natureza sejam tomadas sem amplo debate com os empregados.”
Segundo o dirigente, a falta de pessoal não afeta apenas a rede, mas também áreas meio da Caixa. “O que nós defendemos e cobramos da empresa é a contratação de mais empregados para suprir a falta de pessoal”, acrescenta Dionísio.
Caixa perdeu 17 mil postos de trabalho
Em 2014, a Caixa chegou a ter 101 mil empregados e a demanda das entidades assinada em acordo era contratar mais dois mil trabalhadores, elevando o quadro de pessoal para 103 mil. “Nos últimos três anos o banco perdeu quase 17 mil postos de trabalho. Isso vem afetando as condições de trabalho, provocando adoecimento dos trabalhadores e comprometendo a qualidade do atendimento à população”, enfatiza o presidente da Fenae.
Para o coordenador da CEE o processo de reestruturação não pode servir para discriminar ou perseguir trabalhadores. Pelo Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) em vigor, delegados e membros de Cipas também não podem ser realocados. A direção do banco também não poderá remover empregados que estejam com problemas de saúde ou de licença para tratamento.
“As entidades sindicais e associativas estão acompanhando esse processo. Não permitiremos a realocação durante o processo eleitoral e nem admitiremos falta de bom senso com remoções de município e qualquer tipo de assédio de trabalhadores para aderirem ao PDV. Qualquer tipo de abuso deve ser denunciado”, finalizou Dionísio Reis.