Em abril deste ano, 14,5 milhões de famílias registradas no CadÚnico (Cadastro Único do governo federal) viviam em extrema pobreza. Esse é o maior nível de miséria no Brasil desde o início dos registros disponíveis do Ministério da Cidadania, em agosto de 2012, e representa mais de 40 milhões de pessoas. Antes da pandemia, em fevereiro de 2020, havia 1 milhão a menos: 13,4 milhões.
Segundo o Governo Federal, é considerada família vivendo em extrema pobreza aquela com renda per capita de até R$ 89 mensais.
Diante do quadro gravíssimo no qual a população brasileira se encontra, de forma unitária, a CUT, demais centrais sindicais e movimentos sociais, farão ato nacional e presencial em Brasília, em frente ao Congresso Nacional, na quarta-feira 26, às 10h, para expor a carestia, pressionar o Parlamento e exigir auxílio de R$ 600 para 70 milhões de brasileiros.
O ato será integralmente transmitido, ao vivo, para todo o Brasil, via redes sociais e Youtube dos organizadores, além de TVs comunitárias.
Das 9h às 11h da quarta-feira 26, os internautas poderão participar da mobilização postando nas redes sociais a hashtag #600ContraFome, a fim de pressionar o governo federal e sensibilizar a sociedade a encampar a luta por um valor mais digno para o auxílio-emergencial.
Agenda Legislativa das Centrais Sindicais para a Classe Trabalhadora
O ato também marcará o lançamento e a entrega a lideranças partidárias no Congresso Nacional da primeira Agenda Legislativa das Centrais Sindicais para a Classe Trabalhadora. Os sindicalistas solicitaram audiência com os presidentes Arthur Lira (Câmara dos Deputados) e Rodrigo Pacheco (Senado) para entregar o documento.
Elaborada em conjunto com o Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), a Agenda é um documento de resistência e atuação propositiva junto ao Congresso Nacional, que traz o posicionamento e faz propostas do movimento sindical a 23 projetos em tramitação na Câmara dos Deputados e Senado. A maioria desses projetos afeta negativamente a vida e os direitos da classe trabalhadora, como a reforma administrativa, privatizações, auxílio emergencial, reduz a geração de emprego e renda.
Doação de alimentos
Além da manifestação em Brasília e nas redes sociais, a CUT, a Força Sindical, a UGT, a CTB, a Nova Central, a CSB, a Intersindical, a Pública, a CSP-Conlutas, a CGTB, a CONTAG, o MST e as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo também ratearam o custo da doação de três toneladas de alimentos agroecológicos – cultivados sem agrotóxicos, pela agricultura familiar em áreas da CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares) e assentamentos do MST – a catadores de material reciclável cooperativados.
Serão mais de 600 cestas com, ao mínimo, 16 itens colhidos na véspera (terça-feira, 25) do ato e transportados em quatro caminhões até a frente do Congresso Nacional, na Esplanada dos Ministérios, onde serão expostos simbolicamente no gramado, em forma de mosaico. Serão doados a 600 catadores de material reciclável da CENTCOOP, cooperativa na periferia do Distrito Federal, trabalhadores atingidos pela falta de emprego e redução do auxílio emergencial.
30 milhões sem auxílio
Em 2020, o auxílio emergencial foi de R$ 600, chegando até 1,2 mil para mães chefes de família com filhos menores de 18 anos. Neste ano, por decisão do governo federal, esse valor vai de R$ 150 a R$ 375, no máximo.
No ano passado, 68 milhões de brasileiros tinham direito ao auxílio por conta da pandemia. Neste ano, esse número, segundo o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), baixou para 38,6 milhões de beneficiados. Em consequência das novas regras impostas pelo governo federal, quase 30 milhões de brasileiros passaram a viver em insegurança alimentar.